Com menos de 25 anos de emancipação, Luís Eduardo Magalhães, no oeste baiano, detém um dos maiores PIBs do estado
7 de agosto de 2023Antigo distrito Mimoso do Oeste, pertencente a Barreiras, município é um dos maiores produtores de soja, algodão e milho do país.
Luís Eduardo Magalhães, no oeste baiano, tem apenas 23 anos de emancipação política. Apesar de ser tão nova, atualmente o município detém um dos mais altos índices do Produto Interno Bruto estadual, e é um importante polo agrícola nacional.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Luís Eduardo Magalhães ocupa a 7ª posição no ranking econômico das 417 cidades da Bahia, com um Produto Interno Bruto (PIB), de R$ 6,2 bilhões.
O município é o maior exportador do estado, com participação de 16,74% na balança comercial, o que representa US$ 1.281.454 em volume de negócios. Além disso, é um dos maiores produtores de soja (569.904 toneladas), algodão (78.024 toneladas) e milho (133.650 toneladas), conforme dados da safra 2019/2020.
Luís Eduardo Magalhães tem um PIB per capita (PIB dividido pela quantidade de habitantes do Brasil) em expansão.
Outro aspecto positivo é o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), medida composta por indicadores de três dimensões do desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda. O índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, melhor o resultado. Na cidade, ele é de 0,716, considerado elevado.
Apesar disso, as pessoas que adoecem no município precisam pagar por atendimento em clínicas particulares ou procurar a única Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no local.
Para casos mais graves, é necessário se deslocar para o Hospital do Oeste, que fica em Barreiras, a mais de 90 km de distância. O tempo de viagem, de carro pela BR-020, é de 1 hora e 20 minutos.
Outro ponto sensível é a má distribuição de renda. A prefeitura tem uma das melhores receitas entre os municípios da região oeste: R$ 370 milhões por ano. Apesar disso, pelo centro da cidade logo se vê o contraste: condomínios de luxo de um lado, bairros pobres, sem urbanização, do outro.
De Mimoso do Oeste a LEM
LEM, como carinhosamente é conhecida no estado, era o distrito de Mimoso do Oeste, que pertencia à cidade de Barreiras, e se tornou município através do projeto de Lei nº 395/1997. A emancipação veio, em definitivo, nos anos 2000.
A nova cidade foi batizada com o nome do filho do ex-governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães. Luís Eduardo recebeu a homenagem dois anos depois ter falecido, vítima de um infarto.
Entenda abaixo a formação administrativa de LEM:
Distrito criado com a denominação de Mimoso do Oeste, pela Lei Municipal nº 395, de 3 de dezembro de 1997, subordinado ao município de Barreiras;
Pela Lei Municipal nº 422, de 17 de novembro de 1998, o distrito de Mimoso do Oeste passou a se chamar Luís Eduardo Magalhães;
Elevado à categoria de município com a continuação do nome denominação de Luís Eduardo Magalhães, pela Lei Estadual nº 7.619, de 30 de março de 2000, desmembrado de Barreiras.
Quando se separou de Barreiras, LEM era praticamente um ponto de apoio na BR-242, estrada que liga a Bahia ao estado Goiás. A população era de 18 mil habitantes, na época, mas saltou para 92.671 moradores em duas décadas, segundo dados do Censo 2021, último divulgado pelo IBGE.
Desde o princípio, o lugarejo dava sinais de que poderia se tornar uma potência. O Autoposto Mimoso, que existe até hoje, já foi considerado um dos mais rentáveis do Brasil em vendas de combustíveis. O estabelecimento era a principal parada para caminhoneiros e todos que saíam do centro do país em direção ao Nordeste, já que fica no entroncamento das Brs 020 e 242, duas relevantes rodovias federais. E foi neste ambiente que se deu o desenvolvimento inicial da cidade.
Segundo a prefeitura municipal no fim da década de 70, chegaram os primeiros desbravadores do cerrado baiano, oriundos do sul do Brasil. Eles encontraram muita terra barata disponível para comércio – tão barata quanto um maço de cigarro, conforme contam os mais antigos.
Os hectares (cada um corresponde a 10 mil metros) eram vendidos, na época, por algo em torno de R$ 20 cada. Mas terra quase de graça não era tudo. Havia o custo e o sacrifício de desmatar o cerrado praticamente virgem, com muito esforço e persistência. Na época, o roçado não contava com a tecnologia que predomina a região atualmente, e o trabalho era manual, totalmente artesanal.
As primeiras máquinas só chegaram às lavouras há pouco mais de uma década, quando o processo de povoamento ganhou maior força. Com a expansão do cultivo de grãos, nasceram também construtoras, restaurantes, lojas e grandes revendedoras de equipamentos agrícolas, que movimentam mais de R$ 1 bilhão por ano.
Com 72 empresas em pleno funcionamento e uma geração de mais de 2.1 mil empregos diretos, o Centro Industrial do Cerrado se instalou em Luís Eduardo Magalhães. Onde se via descampado e vias de chão batido, agora existem empresas e prédios de alto padrão, em quase toda a cidade.
Curiosidades
Comida tradicional
Nos bares, restaurantes e hotéis da cidade, as pessoas consomem bastante churrasco. O motivo é a forte influência da cultura gaúcha no município. Comum em Salvador, a “comida baiana”, composta por caruru, vatapá, entre outras iguarias, não é fácil de encontrar na cidade, nem mesmo nas sextas-feiras.
Sobremesa tradicional
Na maioria das churrascarias de LEM, é costume o oferecimento de sobremesas, de graça. A dica é experimentar cuca (bolo de tabuleiro com ovos, farinha de trigo, manteiga e coberto de açúcar) e sagu de vinho (bolinhas de fécula de mandioca cozidas com vinho tinto), ambos tradicionais no Rio Grande do Sul.
Clima de cerrado
O território de LEM é composto 100% pelo bioma Cerrado. De clima tropical, com verão chuvoso e inverno seco, a principal característica é a ocorrência de duas estações:
uma chuvosa: outubro a abril, quando caem mais de 90% das chuvas;
uma seca: maio a setembro, com ausência quase total de chuvas.
Pontos turísticos
O turismo de LEM é baseado nas belezas naturais. Na cidade, por exemplo, não há shopping e espaço de teatro. Veja lista abaixo com opções de passeios:
Rio de Pedras;
Praça da Bíblia;
Praça do Avião;
Bares e churrascarias no centro.
Outras opções são as cachoeiras de Barreiras:
A “Acaba-Vidas” tem queda de 36 metros com grande volume de água e forma uma piscina natural cercada de mata preservada. Possui um mirante que permite uma linda vista da parte de cima da cachoeira. O acesso acontece pelas rodovias BR-020 e BR-242, 43km (1km em estrada de chão) e é gratuito.
Já a “Cachoeira do Redondo” tem queda que forma uma grande piscina de águas transparentes com 3 metros de profundidade. Ela se destaca pelo belo poço para banhos e prainhas de areia branca. O acesso é pelas rodovias BR-020 e BR-242, 67km (20Km em estrada de chão) e também é gratuito.
Cidade ‘bolsonarista’
Luís Eduardo Magalhães, junto com Buerarema, também no oeste, foram as duas únicas cidades baianas que tiveram maioria de votos para o ex-presidente Jair Bolsonaro, nas eleições de 2022. Nos dois turnos, o município registrou mais de 50% dos votos para o ex-candidato.
Na terça-feira (6), o presidente Lula visitou a Bahia Farm Show, maior feira de agronegócios do Norte e Nordeste, sediada no município. Foi a primeira vez que ele marcou presença em um evento destinado ao setor durante o terceiro mandato. Na ocasião, houve alguns protestos do lado de fora do Complexo Bahia Farm Show, mas sem registros de violência.
Bahia Farm Show
A Bahia Farm Show (BFS), segundo maior evento do agronegócio brasileiro e o mais importante do Norte Nordeste está na 17ª edição e recebe ruralistas e visitantes de várias partes do Brasil desde terça-feira (6). Neste ano, a meta da organização é movimentar mais de R$ 7,9 bilhões em negócios.
O evento termina no sábado (10), reúne o que há de mais avançado em plantadeiras, colheitadeiras, pulverizadores, tratores e aviões, dentre outros recursos tecnológicos que podem levar maior precisão e autonomia para trabalho no campo, ampliando a produtividade.
As grandes máquinas são as principais atrações do evento. Alguns aparelhos, como os destinados à cotonicultura (cultivo do algodão), por exemplo, estão avaliados entre R$ 5 milhões e R$ 8 milhões. No local, está exposta a maior colheitadera do mundo, estimada em mais de R$ 2,5 milhões de reais.
Os stands recebem 420 expositores, que representam 1200 marcas. O número de empresas participantes teve aumento de 25% este ano, em comparação com o ano passado, segundo a organização. Todos os espaços disponíveis foram comercializados. A infraestrutura do complexo foi ampliada em 11%, saindo de uma área de 191 mil metros quadrados para 212 mil metros quadrados.
Como chegar
Saindo de Salvador, as possibilidade de deslocamento para o município são :
Carro: o trajeto dura, aproximadamente, 13 horas e 30 minutos. É possível alugar o veículo em Salvador ou contratar um serviço de transporte privado. É recomendado uma parada para descanso na cidade de Seabra, que fica na metade do trajeto, na região da Chapada Diamantina.
Ônibus: é possível pegar no terminal rodoviário da capital baiana, com as empresas Cidade Sol e Entram. Elas fazem conexão em Xique-Xique, no norte do estado e o trajeto dura, aproximadamente, 1 dia e 9 horas.
Avião: a opção mais rápida para chegar no município. A empresa LATAM dispõe de voos com saídas de Salvador para Barreiras – que fica a 1 hora e 18 minutos, aproximadamente, de LEM. O complemento da viagem deve ser feito de carro ou ônibus.