E tem início o período do ano mais esperado por nós… É tempo de desova!
22 de agosto de 2023Em agosto a Fundação Projeto Tamar iniciou o monitoramento de mais uma temporada reprodutiva das tartarugas marinhas na costa brasileira
Esta será a 44ª temporada de proteção de ninhos, desde a criação do Projeto Tamar. Até junho de 2024, espera-se que cerca de 2,5 milhões de filhotes de tartarugas marinhas alcancem o mar em segurança. Existem 7 espécies de tartarugas marinhas no mundo, 5 delas se reproduzem na costa brasileira: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea), tartaruga-verde (Chelonia mydas) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea).
A partir de setembro e outubro, o monitoramento de quase 800 quilômetros de praias continentais, distribuídas ao longo de 5 estados brasileiros (Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe e Rio Grande do Norte) será intensificado. Assim, logo nas primeiras horas da manhã, pesquisadores percorrerão as praias para identificar, marcar e proteger os ninhos de tartarugas. Já nas ilhas oceânicas de Trindade e arquipélago de Fernando de Noronha as atividades reprodutivas das tartarugas-verde, única espécie que se reproduz nestes locais, inicia somente em dezembro, estendendo-se até junho.
Se durante o dia o foco das atividades são os ninhos, à noite a atenção é dada às fêmeas que sobem às praias para desovar. O monitoramento noturno é realizado para encontrar as fêmeas realizando a postura dos ovos. Elas são identificadas com marcas de metal, medidas e um pequeno pedaço de sua pele coletada, para os estudos de genéticas e isótopos . Esses dois métodos ajudam a entendermos mais sobre a biologia desses animais. A tartaruga-de-couro, a maior das tartarugas marinhas, ainda recebem duas marcas tipo “pit tags” (Passive Integrated Transponder): transponder é um dispositivo de comunicação eletrônica empregado na marcação de animais (principalmente os de criadouro, exóticos e de estimação) e também no nosso dia a dia, como as chaves codificadas, por exemplo. Assim, caso o animal perca as marcas de metal, estas marcas eletrônicas permitem a identificação dos mesmos, ao se aproximar um leitor especifico.
Entre 45 e 60 dias, os ovos nascem e uma nova fase do trabalho tem inicio: a escavação dos ninhos eclodidos para coleta e análise dos dados relativos à espécie, tempo de incubação e taxa de eclosão, dentre outros.
Todas as informações coletadas são inseridas no SITAMAR – Sistema de Informações sobre Tartarugas Marinhas da Fundação Projeto Tamar.
Assim, o período reprodutivo das tartarugas marinhas é de muito trabalho para as equipes , pois além de realizar todas as tarefas de pesquisa e proteção, também trabalham na mitigação das ameaças aos ninhos, fêmeas e filhotes.
Estas ameaças vão desde a incidência de luz artificial nas praias, trânsito de veículos na areia, distúrbio nos ninhos até o ataque de animais silvestres ou domésticos às fêmeas, ovos e filhotes.
Para cumprir com sua missão, a Fundação Projeto Tamar com o apoio imprescindível de toda a sociedade, que através de ações individuais ou coletivas, ajudam a garantir a proteção desses animais na costa brasileira.