Cerrado

Estudo pioneiro no Cerrado paulista quantifica carbono no solo favorecendo conservação

23 de agosto de 2023

Projeto do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) mede estoque em áreas com manejo de fogo e onde a supressão da queima levou à deformação

Do Portal do Governo

Órgão vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, conduz pesquisa em conjunto com cientistas estrangeiros

Um estudo pioneiro no país e no exterior, conduzido pelo Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), órgão vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), quantifica o estoque de carbono subterrâneo em diferentes tipos de vegetação e práticas de manejo no Cerrado. Além de pesquisadores do IPA, o projeto conta com a participação de cientistas do Brasil, dos Estados Unidos e da China.

Intitulado “Efeitos do fogo e de sua supressão sobre a estrutura, o estoque de carbono, a composição e a biodiversidade da comunidade vegetal no gradiente fisionômico do Cerrado”, o projeto é mais uma etapa de estudos realizados em unidades de conservação estaduais há décadas. Desde 1987, em Assis, é feito o monitoramento das perdas de biodiversidade e comprometimento dos serviços ambientais devido à supressão total do fogo por mais de 50 anos no Cerrado, que é um bioma adaptado e dependente do fogo para sua conservação.

Em Águas de Santa Bárbara, onde há queimas experimentais controladas, a pesquisa vem sendo feita, desde 2015, para definir as melhores práticas de manejo do fogo no Cerrado. O pioneirismo da pesquisa de quantificação de carbono reside na forma como o estudo é conduzido, que utiliza equipamentos inovadores como um radar que detecta raízes grandes e profundas.

Em conjunto, as pesquisas realizadas nas duas unidades têm comprovado que, sem fogo, o Cerrado perde diversidade de plantas e animais e tem a recarga hídrica reduzida. Além disso, com base nos primeiros dados do novo projeto em andamento, é diminuída a proporção de carbono nas raízes e no solo. Essas áreas não queimadas também perdem as espécies com maior proporção de raízes em relação à sua parte aérea. Os pesquisadores trabalham para medir essa diferença, quantificando o carbono a partir de amostras de solo e raízes coletadas em diferentes profundidades.

“É importante destacar a singularidade da abordagem multidisciplinar das pesquisas realizadas nas últimas décadas, que agora dão um passo adiante com a quantificação do carbono nas raízes e no solo. É um experimento único no Brasil e no mundo”, afirma a pesquisadora do IPA e coordenadora do estudo, Giselda Durigan, ao acrescentar que os estudos anteriores incluíram flora, fauna, propriedades dos solos e hidrologia.

Histórico da pesquisa

Os trabalhos desta etapa de quantificação do carbono abaixo da superfície do solo foram iniciados em junho e irão até meados de agosto. Em 2024, nova expedição será realizada para dar continuidade à amostragem, que precisa acontecer durante a estação seca. As conclusões virão apenas depois dessa fase, quando será possível demonstrar a quantidade de carbono estocado pelos diferentes tipos de vegetação do Cerrado paulista, desde um campo aberto até o cerradão.

O cerrado abrange 13 estados, em uma área de 200 milhões de hectares. Deste total, 211 mil hectares estão no Estado de São Paulo, o que corresponde a savana mais rica em diversidade do mundo e o segundo maior bioma do país, superado apenas pela Floresta Amazônica.

Sobre o IPA

O Instituto de Pesquisas Ambientais do Estado de São Paulo (IPA) conduz pesquisas científicas que orientam as diretrizes para a elaboração de políticas públicas nas áreas prioritárias de restauração ecológica, bioeconomia e uso sustentável dos recursos naturais. Seus experimentos representam mais de 50 anos de pesquisa em melhoramento genético, restauração de ecossistemas, manejo sustentável e conservação da biodiversidade. Os profissionais e pesquisadores (botânicos, geólogos e florestais) buscam integrar as pesquisas ambientais e estruturar a gestão do patrimônio científico no Estado de SP.