CÂNCER DE MAMA E CANOAGEM 2

LARISSA LIMA – ENTREVISTA

1 de agosto de 2023

A fundadora do Canomama, Larissa Lima, 50 anos, triatleta, nutricionista e servidora pública, em Brasília, explica porque criou a entidade e os objetivos.

Larissa Lima: “O que me motiva é saber que amar a si e ao próximo, como a si próprio, é a única e verdadeira lógica universal”.

 

FMA – Você já praticava canoagem antes do diagnóstico do câncer. Qual foi o estímulo para continuar remando?

LARISSA LIMA – “Eu era atleta de corrida de aventura e remava, como uma das modalidades de base, além de pedalar. Era aluna do Marcelo Bosi (pioneiro da canoagem no Brasil, campeão brasileiro, sul-americano e mundial de canoagem), gostava muito de treinar canoa e fazia algumas provas nessa modalidade. Com 41 anos, recebi o diagnóstico de câncer de mama e parei de treinar para seguir com o tratamento. E, durante meu tratamento, o Bosi, que era meu mestre da canoa polinésia, coincidentemente, foi convidado pela Adriana Bartoli (natural da Argentina, incentivadora do Dragon Boat) sobrevivente do câncer de mama, membro do IBCPC – International Breast Cancer Paddler´s Commission, a desenvolver uma equipe de mulheres sobreviventes do câncer de mama.  Isso foi um sinal do universo e ele entendeu. Bosi voltou da reunião, me procurou e falou: descobri sua missão! Me contou sobre a reunião, me deu todas as informações, e eu amei a ideia, e respondi: Bosi, se eu sobreviver vamos fazer isso.

FMA – A criação do Canomama, então, parece ter sido um processo natural, é isso mesmo?

LARISSA – Quando eu terminei o tratamento, eu, Marcelo Bosi, Tissiano Matos (educador físico e fisioterapeuta) e a Nádia Gomes (nutricionista) nos debruçamos sobre os estudos existentes e criamos um projeto piloto para 11 mulheres. Assim nasceu o Canomama. Era o ano de 2015. Em 2016, o Canomama criou seu estatuto e implementou a gestão. Eu e a Nádia seguimos à frente do projeto. A Canomama é uma associação sem fins lucrativos, regida por um estatuto, com gerenciamento bianual e a gestão é eleita pelas associadas. A entidade se sustenta trabalhando por si, vendendo camisas, fazendo eventos e também recebendo doações.

FMA – Vocês começaram o projeto já numa canoa Dragon Boat?

LARISSA – Desde o nascimento da associação nós desenvolvemos nossas atividades para remar em um barco dragão. Porém, comprar um dragon não foi tarefa fácil, tivemos que passar cinco anos trabalhando muito na organização de rifas e festas. Felizmente, depois, contamos com o apoio da embaixada da China, que é parceira institucional do projeto, e da Marinha do Brasil para conseguir finalmente remar no Dragon Boat. Enquanto esse sonho não era realizado nós remávamos nas canoas polinésias, cada uma conduzia o remo para o lado que podia, por ser a embarcação disponível. Usamos também outras embarcações também, como caiaque e ‘stand-up’ ‘paddle’.

FMA – De onde vem tanta motivação?

LARISSA – O que me motiva é saber que amar a si e ao próximo, como a si próprio, é a única e verdadeira lógica universal.