Brasil pode liderar transição verde do planeta, diz Marina em NY
19 de setembro de 2023Ministra discursou na Bolsa de Valores e participou de seminário na Universidade Columbia
Ministra Marina Silva e Ministro Fernando Haddad participam de seminário na Bolsa de Valores de Nova York. Foto: Diogo Zacarias/MMA
O Brasil tem vantagens comparativas para liderar a transição verde do planeta, afirmou a ministra Marina Silva durante seminário na Bolsa de Valores de Nova York nesta segunda-feira (18/9). Decisões políticas acertadas e compromisso com as mudanças, completou, transformarão o país em uma potência sustentável.
Marina está nos Estados Unidos na comitiva do presidente Lula para a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, que coincide com a Semana do Clima de Nova York. Treze ministros e uma série de deputados e senadores — entre eles os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco — também viajaram.
Marina, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) e o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Ilan Goldfajn, participaram pela manhã do seminário “Brasil em foco: mais verde e comprometido com o desenvolvimento sustentável”. Organizados pela Confederação Nacional da Indústria e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, os debates foram centrados na transição energética brasileira.
“Mais do que adaptar e mitigar, nós queremos transformar. E o Brasil é o país que tem as melhores vantagens comparativas para enfrentar as três agendas: da mitigação, da adaptação e da transformação”, declarou Marina, ao reforçar a prioridade da pauta para o governo.
De janeiro a agosto, com o aumento da fiscalização pelo Ibama e o ICMBio, a área sob alertas de desmatamento na Amazônia caiu 48% em comparação com os oito primeiros meses do ano anterior. A queda, discursou a ministra, evitou o lançamento na atmosfera de 200 milhões de toneladas de gás carbônico.
Ações de mitigação, completou Marina, trazem grandes oportunidades econômicas para o país, como a criação de um mercado regulado de carbono e o plano de transição ecológica comandado pelo Ministério da Fazenda. A ministra também destacou que o governo pretende fazer a concessão de 1 milhão de hectares de floresta para uso sustentável neste ano.
“O Brasil está para o século XXI como os EUA estiveram para o século XX: um país jovem, competindo com países de cultura milenar, que se tornou mais desenvolvido em vários aspectos”, disse ela. “Não temos as mesmas capacidades técnicas ou recursos financeiros, mas se tivermos a decisão política e o compromisso ético para fazer as mudanças que precisamos fazer, com certeza o Brasil será uma potência em vários sentidos.”
Haddad ressaltou que o combate às mudanças climáticas é prioritário e transversal para o governo.
“O Brasil talvez seja um dos poucos países que pode pôr os ministros da Fazenda e do Meio Ambiente lado a lado, falando a mesma língua e com os mesmos propósitos”, discursou o ministro, defendendo o desenvolvimento sustentável social, fiscal e ambiental.
O Brasil e a América Latina, afirmou Goldfajn, são parte da solução para os problemas globais, citando iniciativas apresentadas por Arthur Lira e Rodrigo Pacheco.
Lira disse que a “pauta verde” terá primazia no Congresso: mencionou projetos como a regulamentação do mercado de carbono e o marco regulatório da transição energética.
“A atual legislatura já provou que deseja fazer a diferença no Parlamento, e sou testemunha do interesse e empenho dos deputados federais em torno do desenvolvimento sustentável”, afirmou o presidente da Câmara.
Já Pacheco declarou que o Brasil tem uma “oportunidade ímpar” de se desenvolver sustentavelmente. Para isso, completou, combater o desmatamento nos biomas brasileiros é uma “incumbência primordial”, assim como reduzir as desigualdades urbanas.
“O contexto atual se apresenta de uma forma muito particular ao Brasil, e não resta dúvida de que há um compromisso sério, real e efetivo dos agentes públicos e políticos com o desenvolvimento sustentável do nosso país”, discursou o presidente do Senado.
Além de Marina e Haddad, compõem a comitiva presidencial os ministros: Cida Gonçalves (Mulheres), Luiz Marinho (Trabalho e Emprego), Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Nísia Trindade (Saúde) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social). Os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia), Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos), Jader Filho (Cidades), Margareth Menezes (Cultura) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas) também estão em Nova York para agendas extras.
Justiça Climática
Durante a tarde, a ministra Marina Silva participou do seminário “Brasil na dianteira da justiça climática: uma visão global para o futuro”, na Universidade Columbia. Em painel com os professores Thiago Amparo e Jeffrey Sachs, ela discursou que o aquecimento global afeta principalmente pessoas já vulnerabilizadas.
“Estamos chegando aos limites planetários da capacidade de suporte do planeta. Se eu penso em justiça climática, tenho que pensar na Justiça capital: não deixar destruir as condições que promovem e sustentam a vida na Terra”, disse Marina. “Para combatermos a injustiça racial, a injustiça de gênero, precisamos estar vivos.”
Em seguida, a ministra participou do evento Florestas para o Nosso Futuro, organizado pelo Programa da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. Na terça-feira, a agenda inclui eventos como a abertura do debate da Assembleia Geral da ONU, onde o presidente Lula será o primeiro a discursar, e uma série de reuniões bilaterais.
Marina chegou em Nova York no sábado e, no domingo, participou da abertura da Semana do Clima de Nova York. A ministra fez ainda uma apresentação sobre bioeconomia na ONU e teve audiências com a ex-presidente da Irlanda, Mary Robinson, com o governador da Califórnia, Gavin Newsom, e a diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Inger Andersen.
“A bioeconomia, num país megadiverso como o Brasil, representa uma grande oportunidade para criar um modelo de desenvolvimento econômico baseado no uso sustentável dos grandes ativos da biodiversidade. Esse uso deve respeitar os limites dos ecossistemas e contribuir economicamente para o alcance do equilíbrio climático”, discursou Marina na ONU.
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