Bromélia endêmica é descoberta na ilha de Alcatrazes
5 de setembro de 2023Nova planta é descrita e estudada por cientistas em área ambiental preservada
– Foto: Gabriel Sabino
Espécie nova de bromélia é descoberta na Ilha de Alcatrazes, localizada no litoral norte do estado de São Paulo, e foi descrita em artigo científico. A pesquisa foi coordenada pelo pesquisador Gabriel Pavan Sabino e colaboradores e ocorreu no Refúgio de Vida Silvestre (Revis) do Arquipélago de Alcatrazes, Unidade de Conservação administrada pelo ICMBio.
A espécie Tillandsia alcatrazensis foi encontrada na ilha principal do arquipélago, a ilha de Alcatrazes, e é endêmica da ilha, ou seja, exclusiva da localidade e que não foi antes registrada em outro lugar. De acordo com a extensa pesquisa necessária para descrever a espécie nova, foram percebidas particularidades que contribuem para o equilíbrio do ecossistema. Segundo Sabino, as flores da espécie descrita têm uma grande quantidade de néctar nas flores, o que indica que a bromélia fornece alimento para alguns insetos.
A planta vive preferencialmente sobre afloramentos rochosos, que são partes das rochas internas expostas na superfície do solo, mas também vivem como epífitas (em cima de outras plantas). As folhas possuem grande variedade, desde coloração vinácea até mais acinzentada, os conjuntos de flores (inflorescências) têm folhas modificadas (brácteas), com cores entre o salmão e o avermelhado e as flores são totalmente brancas.
Foto: Vitor Kamimura
A descrição da espécie, apesar de ser uma novidade, não é acaso. A pesquisa liderada por Sabino estuda a flora da ilha de Alcatrazes como um todo e com base em abordagens científicas diversas. Desde março de 2022 os pesquisadores realizam estudos que respeitam as particularidades da região, colaboram com a preservação do meio ambiente e encontram novidades relevantes.
A área onde foi encontrada a planta é uma Unidade de Proteção Integral, administrada pelo Núcleo de Gestão Integrada do Arquipélago de Alcatrazes (NGI ICMBio Alcatrazes) e as pesquisas são devidamente autorizadas. Para realização, o Instituto dispõe de agentes ambientais para cooperação em solo com as equipes de investigação. “Sabemos que o acesso à ilha é bastante difícil e requer uma logística muito complexa. Sem todos os pilares para o apoio jamais seria possível desenvolver projetos de pesquisa em um ambiente tão isolado”, afirma o biólogo Sabino.
Preservação
Devido a pequena e restrita distribuição da nova bromélia, a espécie foi preliminarmente classificada como criticamente em perigo de extinção, de acordo com as categorias de classificação da lista vermelha da IUCN. Portanto, reforça a importância de estudar e prevenir a extinção das espécies. As áreas de proteção no arquipélago de Alcatrazes também possuem outras espécies exclusivas da região e ameaçadas, como as plantas Anthurium alcatrazense, a Begonia venosa e os animais perereca-de-alcatrazes (Ololygon alcatraz) e a jararaca-das-alcatrazes (Bothrops alcatraz), entre outros.
Os pesquisadores envolvidos acreditam que ainda possam existir outras espécies não conhecidas pelo meio científico a serem estudadas, com potencial para contribuir nos mais diversos ramos da ciência. De acordo com Sabino, esse fator é explicado devido a características particulares de Alcatrazes, que tem fatores ambientais que levam a um grande isolamento e restrição geográfica, que favorece a especiação – processo evolutivo que diferencia as espécies.
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Comunicação ICMBio