BIODIVERSIDADE MARINHA

Tartaruga-de-pente monitorada por 15 anos é reencontrada em Noronha

3 de setembro de 2023

Mesmo animal foi encontrado no arquipélago e apresenta saúde e crescimento adequados para a fase da vida; Pesquisadores monitoram

ICMBio

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– Foto: Rodolfo Willdner

Pesquisadores do Centro Tamar – ICMBio recapturaram a mesma tartaruga que foi avaliada em julho de 2008. A identificação do retorno evidencia o sucesso do trabalho de proteção ambiental realizado no arquipélago de Fernando de Noronha e o monitoramento de longa duração de espécies na Unidade de Conservação. 

Os biólogos Dênis Sana e Arthur Thomazi reencontraram, depois de 15 anos da primeira captura, uma tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata). A espécie está categorizada como criticamente em perigo de extinção segundo a Lista Vermelha da IUCN e em perigo de extinção, de acordo com a classificação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

“O trabalho de conservação das tartarugas traz esses resultados de sobrevivência. Demonstra, também, a proteção que o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha proporciona aos juvenis de tartaruga-de-pente e tartaruga-verde que utilizam o arquipélago como refúgio para alimentação e crescimento, como é o caso desta”, afirma o Doutor em Biologia Animal, Dênis Sana. 

A tartaruga foi encontrada na praia do Boldró, localizada na Área de Proteção Ambiental (APA) de Fernando de Noronha. De acordo com os pesquisadores, quando o animal foi capturado pela primeira vez, em 2008, pelo coordenador do Tamar em Noronha, Cláudio Bellini, seu casco media 31cm de comprimento por 27cm de largura. Agora, mede 74cm de comprimento por 64cm – o que indica a transição do animal para a fase adulta e um aumento de mais de 100% no tamanho. Segundo Bellini, as tartarugas-de-pente no arquipélago crescem em média de 3,4 a 2,2 cm por ano. 

Na primeira vez que foi capturada, a tartaruga estava na Praia de Sancho, localizada no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. De acordo com as avaliações feitas pelos biólogos, ainda não é possível identificar se a tartaruga é um macho ou fêmea. A diferença entre os dois só pode ser identificada com idades mais avançadas, pelo tamanho da cauda – o macho tem cauda bem maior do que a das fêmeas. 

Na ocasião, diversos dados sobre o animal foram coletados, que integram o monitoramento de longa duração realizado pela equipe do Centro Tamar – ICMBio e Fundação Projeto Tamar. Segundo Sana, a importância é possibilitar que dados científicos mais robustos permitam tomadas de decisões mais adequadas na conservação das espécies, como na elaboração de políticas públicas.  

O biólogo afirma que as tartarugas são animais longevos, o que reforça ainda mais a importância do acompanhamento para saber as tendências populacionais, a taxa de crescimento dos indivíduos e maturidade sexual, deslocamentos locais e utilização do ecossistema onde vivem, além das migrações realizadas. Assim, é possível acompanhar mais histórias de crescimento e atuar com medidas de conservação efetivas para o contexto. 

 Foto: Rodolfo Willdner

A tartaruga, além de ser ameaçada de extinção, realiza um importante papel auxiliando no equilíbrio do ecossistema marinho. “São adaptadas para alimentarem-se em corais, possuindo um bico mais alongado, ajudando a controlar as populações das espécies das quais se alimentam e mantendo o equilíbrio nestes ecossistemas”, explica o especialista Dênis Sana.
 

Sobre a unidade 

Noronha representa um refúgio para as tartarugas, pois o arquipélago, além de ser área de reprodução da tartaruga-verde, é utilizado por esta e pela tartaruga-de-pente para alimentação dos juvenis. Por estar no meio do Atlântico Sul, é tida como um oásis: os animais vêm de uma longa travessia sem tanto alimento, por conta da profundidade e no arquipélago conseguem encontrar fartura no meio do oceano. 

Para acessar a pesquisa científica realizada em Noronha durante 30 anos de monitoramento da espécie tartaruga-de-pente, realizada pelo servidor Cláudio Bellini e colaboradores, clique aqui. 

Comunicação ICMBio

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