Cantoria matinal antecipada: o esforço do sabiá-laranjeira para vencer a poluição sonora urbana
25 de outubro de 2023Pássaro emblemático do Brasil ajusta seu canto às madrugadas de São Paulo, em busca de encontrar uma parceira e escapar do barulho urbano diurno.
O sabiá-laranjeira, um dos símbolos do Brasil — Foto: Luciano Lima/Instituto Butantan
O cantar do sabiá-laranjeira, considerado um dos símbolos do Brasil, tem tomado novas nuances nas primeiras horas da madrugada na cidade de São Paulo, tudo em um esforço para contornar a perturbação sonora proveniente do ambiente urbano. Luiz Fernando Haddad, um designer industrial, expressa sua admiração pelo fenômeno, destacando como o canto dessas aves proporciona um toque revigorante de contato com a natureza em meio à vida citadina agitada.
Esses pássaros, que podem ser encontrados em diversos locais, desde praças até florestas, têm modificado seus hábitos de canto em resposta direta ao ruído urbano. Erika Hingst-Zaher, diretora do Museu Biológico do Instituto Butantan, explica que o sabiá começa a cantar mais cedo para garantir que seu canto seja audível acima do zumbido da cidade, permitindo que ele se comunique e encontre uma parceira, de forma semelhante a um mecanismo de busca como o Tinder.
Enquanto os sabiás adaptam seus padrões de canto, os residentes urbanos também enfrentam desafios semelhantes. O médico Arthur Menino Castilho destaca os efeitos prejudiciais da exposição prolongada à poluição sonora, não apenas em termos de perda auditiva, mas também em relação ao impacto psicológico, incluindo distúrbios do sono e irritabilidade.
Para se proteger da poluição sonora, o uso de protetores auriculares e a instalação de janelas à prova de som são opções sugeridas. No entanto, Castilho adverte contra o uso de música alta nos fones de ouvido como uma solução alternativa, enquanto ressalta a necessidade de regulamentações por parte das autoridades para mitigar os efeitos negativos do barulho urbano. Enquanto isso, Hingst-Zaher ressalta a importância de áreas verdes tanto para os humanos quanto para os sabiás, proporcionando um refúgio da agitação da vida urbana.