Governo federal dobra total de brigadistas no Amazonas para 289
16 de outubro de 2023‘‘Não existe fogo natural na Amazônia”, diz Marina em apresentação das ações do governo federal de combate às queimadas no Estado
Marina Silva apresenta ações do governo federal de combate a incêndios florestais. Foto: José Cruz/Agência Brasil
A ministra Marina Silva anunciou nesta sexta-feira (13/10) que o governo federal enviará nos próximos dias reforço de 149 brigadistas para combater as queimadas no Amazonas, dobrando o efetivo no Estado para 289. Em entrevista coletiva na sede do Ibama, em Brasília, a ministra ressaltou que os incêndios florestais são agravados por atividades criminosas e pela mudança do clima.
“Não existe fogo natural na Amazônia. O fogo ou é feito propositalmente por criminosos ou é a transformação da cobertura vegetal para determinados usos”, discursou a ministra. “Se o desmatamento tivesse mantido o mesmo padrão do ano passado, estaríamos vivendo um apocalipse no Brasil.”
Segundo dados do Inpe, 73,5% dos focos de incêndio no Amazonas nos últimos quatro anos ocorreram em áreas já desmatadas e 55% em áreas recém-desmatadas. A redução do desmatamento, destacou a ministra, é fundamental para a redução dos focos de incêndio.
Marina pediu a moradores da região que parem de atear fogo, ressaltando que “a ação dos brigadistas, do Corpo de Bombeiros e de todo o efetivo precisará muito fortemente de ação da população”. O apelo foi reforçado pelo presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho:
“É muito importante que as pessoas parem de colocar fogo. Há pessoas que estão aproveitando que está tudo seco e limpando seu terreno, limpando seu quintal, limpando área grilada, desmatamento antigo”, afirmou Agostinho. “Queimou a propriedade, não vai mais conseguir financiamento agrícola. Essa área será embargada. É muito importante que as pessoas entendam isso.”
De janeiro a setembro, a área sob alertas de desmatamento na Amazônia caiu 49,4% em relação a igual período em 2022. No Amazonas houve redução de 64,4% no mesmo intervalo. De 1º a 11 de outubro, o desmatamento no Estado caiu 71%.
Já os focos de calor caíram 22% no país e 29,6% na Amazônia de 1º de janeiro a 12 de outubro. No Amazonas houve redução de 11,3% desde o início do ano. Nos 12 primeiros dias de outubro, contudo, o Estado registrou 2.704 focos de calor, aumento de 147% em relação ao mesmo período de 2022.
“O que temos hoje é uma situação bastante perigosa porque há cruzamento de três fatores: grande estiagem provocada pelo El Niño, que é agravada pela mudança do clima; matéria orgânica em grande quantidade ressecada; fogo em propriedades particulares e dentro de áreas públicas de forma criminosa”, disse Marina. “Estamos vivendo uma situação de emergência climática no Brasil.”
Medidas adicionais
Além dos 83 brigadistas contratados desde julho pelo Ibama e dos 57 contratados pelo ICMBio — aumento de 26% e 375% respectivamente na comparação com 2022 —, haverá reforço de 119 do Ibama e 30 do ICMBio no Amazonas, totalizando 289.
O governo enviará ainda 200 kits com equipamentos para brigadistas, dois helicópteros e apoio de equipe especializada para resgate de fauna. Desde o início de setembro, está no ar em Estados da Amazônia campanha de utilidade pública para prevenção de incêndios florestais.
“A prevenção de desastres e a resposta a emergências climáticas foram áreas que sofreram com o esvaziamento de recursos nos anos anteriores, tornando a situação atual ainda mais desafiadora. O governo do presidente Lula está comprometido em fornecer recursos financeiros e pessoal para enfrentar essas emergências”, afirmou o ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. “Não é muito dizer que a política de prevenção no Brasil foi basicamente abandonada nos últimos seis anos.”
O secretário extraordinário de Controle do Desmatamento do MMA, André Lima, anunciou que o governo federal atua para suspender o registro do Cadastro Ambiental Rural de imóveis com foco de calor e incêndios que ocorreram sem autorização.
“Estamos encaminhando solicitação ao Estado para que suspenda o registro do CAR de imóveis com focos de calor e incêndios sem autorização, que são praticamente todos o casos no Amazonas”, afirmou Lima.
O governo federal anunciou ainda que há crédito pré-aprovado pelo Fundo Amazônia de R$ 35 milhões para prevenção e combate a incêndios pelo Corpo de Bombeiros local, dependendo apenas de apresentação de projeto. Estima-se também que municípios prioritários para o combate ao desmatamento no Estado poderão receber mais R$ 30 milhões do fundo, como parte do Programa União com Municípios, lançado pelo presidente Lula em 5 de setembro.
O Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) prevê ainda ações de monitoramento da qualidade do ar, inventário e planos estaduais de controle de emissões atmosféricas.
“É terrível vermos a guerra assolando vida de inocentes. Mas as pessoas que são assoladas a cada ano pelas cheias ou têm prejuízos pelas secas, se não tiver os planos de prevenção, é como se tivéssemos fazendo uma guerra, só que essa guerra não é vista da forma como são vistas as guerras com armas produzidas pelos homens”, disse Marina. “A arma da mudança climática foi produzida por nós, mas é como se fosse invisível. Ela também tira vida das pessoas.”
Cuidados com a fumaça
Os incêndios nos arredores de Manaus ocorrem principalmente em áreas urbanas, onde o combate prioritário é responsabilidade do Estado. O governo federal, destacou Marina, auxilia em áreas críticas:
“O Ministério atua nas unidades federais, mas estamos ajudando de forma suplementar os Estados e queremos estar presentes, com todo o nosso efetivo, nas áreas que mais precisam. Já disponibilizamos especialistas para trabalharem nas ações de planejamento. Combater o fogo requer muita eficiência técnica, persistência e capacidade de atuar em situação de risco, então exige ação coordenada.”
Devido à fumaça que piora a qualidade do ar, o Ministério da Saúde recomenda que a população evite ficar perto de áreas com queimadas, deixe portas e janelas fechadas, mantenha os ambientes fechados e ventilados e aumente a ingestão de água. Recomenda-se ainda evitar atividades ao ar livre neste período.
Também participaram da apresentação o presidente do ICMBio, Mauro Pires; o diretor do Departamento de Emergência da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Marcio Garcia; o coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia e Demais Biomas Brasileiros do Inpe, Cláudio Almeida; o coordenador-geral do Centro de Previsão de Tempo e Estudo Climáticos do Inpe, Gilvan Sampaio; o diretor do Inpe, Clezio de Nardin; o secretário nacional de Defesa Civil, Wolnei Wolff; o secretário adjunto da Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento da Casa Civil, Volney Zanardi; entre outros.
Veja mais dados da apresentação aqui.
Assista a apresentação e a entrevista coletiva aqui.
Assessoria de Comunicação do MMA
[email protected]
(61) 2028-1227/1051