Embrapa e Ministérios debatem a agenda de bioeconomia na Amazônia
20 de novembro de 2023A oficina “Integração de ações de apoio às bioeconomias inclusivas na Amazônia” reuniu, no dia 14 de novembro, na sede da Embrapa, em Brasília, diretores e especialistas da Embrapa, além de secretários e técnicos de seis Ministérios de Estado. O evento foi realizado pela Diretoria de Negócios da Embrapa em parceria com a Secretaria de Bioeconomia… Ver artigo
A oficina “Integração de ações de apoio às bioeconomias inclusivas na Amazônia” reuniu, no dia 14 de novembro, na sede da Embrapa, em Brasília, diretores e especialistas da Embrapa, além de secretários e técnicos de seis Ministérios de Estado. O evento foi realizado pela Diretoria de Negócios da Embrapa em parceria com a Secretaria de Bioeconomia do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA), como parte das ações do projeto BIAmazon – Diagnóstico e plano estratégico para atuação da Embrapa em abordagem de Bioeconomia Inclusiva na Amazônia.
Na mesa de abertura, os diretores da Embrapa Ana Euler, de Negócios, e Clenio Pillon, de Pesquisa e Inovação, receberam secretários dos Ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA); Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MIDC); Desevolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA); e Integração e Desenvolvimento Regional (MDR). Eles ressaltaram a importância do diálogo e cooperação institucional para fortalecer a agenda de bioeconomia inclusiva no país.
O olhar sobre a bioeconomia amazônica, segundo Ana Euler, tem que incluir as pessoas, a biodiversidade, ser regenerativa, restaurar a paisagem florestal, tem que olhar na questão de gênero e juventude e os diferentes territórios. “O diálogo vai nos permitir uma reflexão em torno das prioridades, dos territórios, cadeias produtivas e gargalos tecnológicos para entregarmos o que já temos e repensar nossas estratégias e atuação”, afirmou.
“Estamos discutindo aqui não somente uma agenda de conhecimento técnico-científico, mas uma agenda de conhecimento que seja base de políticas públicas, de inclusão socioprodutiva, de geração de renda e de governança institucional e social”, ressaltou Clenio Pillon.
Para Carina Pimenta, secretária nacional de Bioeconomia (MMA), a aliança entre vários setores possibilita a construção de uma política estruturante para a sociedade. “O Ministério do Meio Ambiente está trabalhando em um programa nacional de bioeconomia da sociobiodiversidade com orientações, direcionamentos e um plano de ações concretas nesse tema”, destacou.
“Da mesma forma que a Embrapa transformou a agricultura, ela tem um papel fundamental na bioeconomia”, afirmou Rodrigo Rollemberg, secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria (MDIC). Ele ressaltou a importância de trazer para o debate os Ministérios relacionados à infraestrutura para dar a escala necessária à sociobioeconomia. “Temos soluções baseadas na natureza e que exigem um esforço grande de articulação institucional para transformar essas soluções em resultados para a sociedade”, acrescentou o secretário.
Plano estratégico para atuação em BIA
A bioeconomia inclusiva (BIA) é o foco do projeto BIAmazon, que visa elaborar um plano estratégico de atuação da Embrapa nesse tema para a Amazônia, além de fornecer subsídios a políticas públicas nessa temática. O projeto é executado de forma colaborativa por equipes das nove Unidades da Embrapa na Amazônia, Unidades temáticas de outras regiões e da Sede da Empresa. De acordo com o pesquisador Roberto Porro, da Embrapa Amazônia Oriental, as bases de uma bioeconomia inclusiva são: sistemas produtivos sustentáveis; valorização do conhecimento e modo de vida local; justiça e inclusão social; e repartição equitativa de benefícios. O pesquisador apresentou os resultados da primeira etapa do projeto, que envolveu consultas online a públicos internos e externos à Embrapa, além do levantamento de informações corporativas. Essas consultas apontaram inicialmente eixos prioritários associados às economias da sociobiodiversidade, entre eles “sistemas agroflorestais, manejo da flora e fauna e restauração florestal, agregação de valor e negócios inovadores, além de mecanização em apoio à sociobioeconomia e desenvolvimento de bioprodutos”, relatou. O trabalho também apontou os povos originários e comunidades tradicionais como públicos prioritários para as ações de bioeconomia inclusiva. Entre os produtos que o projeto pretende entregar estão um repositório público de informações sistematizadas sobre bioecomomia inclusiva (BIA) na Amazônia e metodologias de apoio a processos de decisão, com a definição de critérios e indicadores para a avaliação de iniciativas em BIA. |
Para Adriana Melo Alves, secretária de Políticas de Desenvolvimento Regional e Territorial (MIDR), a bioeconomia se coloca como uma frente de cooperação transfronteiriça no Arco Norte da Amazônia. “Estamos buscando a integração com os países vizinhos tendo como tema central a saúde, o alimento saudável, a inclusão socioprodutiva, a segurança alimentar e a bioeconomia mobiliza esse distintos saberes”, pontuou.
O secretário de Governança Fundiária, Desenvolvimento Territorial e Socioambiental (MDA), Edmilton Cerqueira ressaltou a regularização fundiária como elemento central do debate em torno da bioeconomia inclusiva. “Sem a defesa do território, a natureza, a floresta e as pessoas estão ameaçadas”, frisou.
Utilizando como exemplo o coco babaçu, o secretário ressaltou a necessidade de valorização, inclusão e defesa dos povos originários e comunidades tradicionais. “Desse coquinho, trabalhado exclusivamente por mulheres negras e mulheres indígenas, se faz tudo: alimento, artesanato, energia, carvão e adubo. Ao falarmos de integração para manter a floresta em pé, um ponto primordial é a regularização fundiária dos territórios onde o coco babaçu é trabalhado”, reforçou.
Moisés Savian, secretário de Governança Fundiária, Desenvolvimento Territorial e Socioambiental (MDA), ressaltou que na agenda de bioeconomia é preciso observar o contexto global e o papel do Brasil. “A insegurança alimentar atinge cerca de 25% dos brasileiros e 55% vivem em insegurança de renda. Por outro lado, temos um ecossistema rico com possibilidades de desenvolvimento da agricultura e da produção florestal, consolidando a agenda do restauro produtivo, ecológico, combatendo a fome e gerando inclusão socioprodutiva”, acrescentou.
Para o diretor Clenio Pillon, de Pesquisa e Inovação da Embrapa, é possível construir e fortalecer uma grande plataforma de cooperação, governança e de integração de agendas em prol da bioeconomia. “A ciência é base para o conhecimento, para a gestão de recursos naturais, produção de alimentos e para a construção de politicas publicas. Estamos engajados em uma sociobioeconomia que permita a inclusão, a geração de renda e a reprodução social de povos que preservam a floresta”, finalizou o diretor.
Na sequência da mesa de abertura, as equipes técnicas da Embrapa e dos Ministérios debateram o alinhamento das ações do projeto BIAmazon às políticas e programas de governo em curso, de forma a garantir a integração e convergência das ações para alcance de resultados de impacto. O próximo passo é ampliar o debate e a integração das ações junto aos atores das principais cadeias produtivas da região amazônica, como cooperativas, associações, grupos comunitários e representantes de povos e comunidades tradicionais. O evento está previsto para o início do próximo ano.
Ana Laura Lima (MTb 1268/PA)
Embrapa Amazônia Oriental
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