Folha do Meio Ambiente

Em um anúncio revelador durante a COP28, em 5 de dezembro, a Mombak e a Microsoft formalizaram uma aliança inédita com um objetivo ambicioso: fornecer créditos de remoção de carbono por meio dos projetos de reflorestamento da Mombak na Amazônia brasileira. Este contrato, estabelecido para a entrega de até 1,5 milhão de unidades, representa não apenas um dos maiores acordos de compra e venda de créditos de remoção baseados na natureza em todo o mundo, mas também é o maior contrato desse tipo já realizado pela Microsoft, em termos de volume.

A parceria estratégica com a gigante da tecnologia impulsionará o plantio de 25 florestas em áreas previamente desmatadas, com a expectativa de abrigar 30 milhões de árvores, incluindo espécies nativas ameaçadas de extinção, como cedro-rosa, castanheira, itaúba e mogno. A extensão dessa iniciativa, abrangendo pouco mais de 28 mil hectares, equivale a 5 ilhas de Manhattan. Além de contribuir significativamente para a restauração da biodiversidade e do ecossistema, os projetos de reflorestamento liderados pela Mombak gerarão empregos diretos e indiretos nas comunidades tradicionais da Amazônia, por meio de práticas industriais e comercialização de produtos da bioeconomia.

Peter Fernandez, cofundador da Mombak, destacou em uma entrevista ao Um Só Planeta, em Dubai, que o reflorestamento é a abordagem mais rápida, acessível e escalável para a remoção de carbono. Ele enfatizou que o Brasil é central nesse esforço global, apontando que, até o momento, apenas 5 milhões de toneladas de carbono são removidas anualmente, enquanto a necessidade é de 10 bilhões até 2050 para conter o aquecimento global a 1,5 ºC.

O Fundo de Reflorestamento da Amazônia, criado pela Mombak, arrecadou 100 milhões de dólares de investidores renomados, incluindo o Bank Capital, o governo canadense e a seguradora francesa AXA. Fernandez ressaltou que o fundo visa não apenas remover carbono da atmosfera, mas também aumentar a biodiversidade, promover oportunidades socioeconômicas e evitar pontos de não retorno na Amazônia.

A Mombak, fundada em 2021 por ex-executivos da 99 e do Nubank, planeja investir o primeiro montante arrecadado até março de 2024, visando criar um novo mercado para o reflorestamento em escala industrial. Ao aplicar práticas da indústria florestal brasileira, a empresa busca criar florestas nativas e biodiversas, diferenciando-se da abordagem de replantio manual realizado por organizações não governamentais.

Este contrato com a Microsoft representa um marco significativo para a Mombak, demonstrando a escalabilidade e o potencial de impacto positivo em projetos de reflorestamento no Brasil. Além de atender às metas da Microsoft em direção a emissões líquidas zero, a parceria também pode atrair mais investidores, abrindo portas para o desenvolvimento socioeconômico no país.