Meio Ambiente

Macacos-bugios são reintroduzidos no Parque Nacional da Tijuca em busca de diversidade genética

4 de janeiro de 2024

Refaunação de um dos 25 primatas mais ameaçados de extinção no mundo começou no Parque em 2015, ano que marcou o fim da extinção local de 200 anos da espécie no PNT

ICMBio

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Macacos-bugios – Foto: Marcelo Rheingantz

O início de 2024 é marcado pelo aumento da biodiversidade no Parque Nacional da Tijuca. Na manhã desta terça-feira (02/01/2024), após um período de oito anos, a ONG Refauna reintroduziu sete macacos-bugios (Alouatta guariba) em uma área significativa de Mata Atlântica. Esses animais agora compõem uma nova família, compartilhando o espaço com outro grupo de bugios, que foram os primeiros a serem restabelecidos na área.  

Em 2015, a reintrodução de um primeiro casal marcou o término da extinção local desta espécie, que não era vista nas florestas da Unidade de Conservação há mais de 200 anos. Atualmente, o Parque tem oito macacos-bugios, que são o casal introduzido e seus seis filhotes – o que estabeleceu uma taxa de natalidade de um filhote por ano desde o início da refaunação, superando o índice de outros lugares naturais. 

Os sete novos integrantes, que ganharam a vida livre nesta manhã, são um macho e seis fêmeas. O novo grupo é o primeiro liberado após a vacinação contra febre amarela, fruto de uma adaptação da vacina de humanos para os primatas. 

Eles chegam com o objetivo de ajudar a consolidar a presença dos bugios na região, graças à interação que devem estabelecer com o grupo existente, podendo resultar em aumento da população e da diversidade genética. Além disso, agora que estão soltos no Parque, eles vão colaborar com a dispersão de sementes de árvores que só eles conseguem interagir, contribuindo diretamente com a conservação da Mata Atlântica na Unidade de Conservação. 

“Precisamos recuperar a população de bugios, que são um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. Os animais reintroduzidos agora são o primeiro grupo liberado depois da vacinação contra febre amarela, cuja epidemia em 2017 afetou fortemente o número desses animais no Sudeste, levando à criação de um comitê de manejo integrado de bugios. Graças a uma parceria com a Fiocruz, foi adaptada a vacina da febre amarela de humanos para os primatas, garantindo a proteção dos bugios que serão soltos no Parque”, explica Marcelo Rheingantz, diretor-executivo do Refauna e biólogo da UFRJ. 

Viviane Lasmar, chefe do Parque Nacional da Tijuca, destaca o apoio ao projeto por meio dos servidores e funcionários, equipamentos, execução das atividades de campo e de transporte dos animais. “Atuamos em conjunto com o Refauna e com as demais instituições parceiras porque um trabalho deste nível só em possível em grupo, nunca sozinho.”, ressalta Viviane. 

Essa ação está vinculada ao Programa de Manejo Populacional de Alouatta guariba, o primeiro desse tipo a ser oficialmente reconhecido pelo ICMBio, o qual está ligado ao Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Primatas da Mata Atlântica e da Preguiça de coleira, coordenado pelo CPB/ICMBio. 

A reintrodução é resultado do trabalho conjunto entre ONG Refauna, Parque Nacional da Tijuca, Centro de Primatologia do Rio de Janeiro do INEA (CPRJ-INEA), Fiocruz, Centro de Recuperação de Animais Selvagens da Universidade Estácio de Sá, Comitê de Manejo Integrado de Alouatta, do CPB/ICMBio, UFRJ, UFRRJ, IFRJ-RJ, Ecomimesis e National Geographic Society. 

Foto: Marcelo Rheingantz

Como tudo começou 

O Parque Nacional da Tijuca, além de ser a casa para onde esses animais são trazidos de volta, é também onde o Refauna foi idealizado. A servidora aposentada do ICMBio, Ivandy Castro, notou a ausência de cutias no Parque Nacional da Tijuca, espécie corriqueira em outras unidades de conservação e que são importantes dispersoras de frutos. Diante disso, em 2008, ela sugeriu a Alexandra dos Santos Pires e Fernando Fernandez a sua reintrodução. O Parque Nacional da Tijuca, por meio de seus servidores e pesquisadores, ajuda o projeto com equipamentos, materiais, auxilia nas atividades de campo e de transporte dos animais, articulado em conjunto com as demais instituições parceiras do Refauna. 

O Refauna busca restaurar as interações ecológicas que foram perdidas em florestas defaunadas através da reintrodução de vertebrados em remanescentes de Mata Atlântica. Desde 2010, o Refauna luta para reverter a síndrome de florestas vazias em remanescentes de Mata Atlântica. Para isso, trabalha para restaurar as interações ecológicas que foram perdidas através da reintrodução de vertebrados.  

Sua missão é promover a translocação de populações animais, visando a conservação de espécies nativas e a restauração de interações e processos ecológicos em áreas naturais. No Parque Nacional da Tijuca, até hoje, as espécies que estavam extintas e foram reintroduzidas são a cutia, o macaco-bugio e o jabuti-tinga. Além disso, a ONG também fez o reforço populacional da trinca-ferros. 

Com informações do Parque Nacional da Tijuca 

Comunicação ICMBio
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(61) 2028-9280