Brasília

Plantio de 3 mil mudas resgata projeto de Burle Marx no Parque da Cidade

26 de janeiro de 2024

Espécies nativas do Cerrado vão substituir pinheiros que foram retirados para segurança dos frequentadores

Ian Ferraz, da Agência Brasília* | Edição: Chico Neto

O Bosque dos Pinheiros, no Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek, começa a tomar cara nova. Após retirar os pinheiros por questões de segurança dos frequentadores, o Governo do Distrito Federal (GDF) iniciou o plantio de três mil mudas de espécies nativas do Cerrado. A medida faz parte das ações de recuperação do segundo maior parque urbano do mundo e resgata o projeto original do paisagista Roberto Burle Marx.

Árvores de diferentes espécies do Cerrado serão plantadas no lugar dos pinheiros, que apresentavam problemas | Fotos: Renato Alves/Agência Brasília

“Essa área vai voltar a ser um cartão-postal de nossa cidade – porém, a partir de agora, com um DNA tipicamente candango, por meio dessas espécies que vão colorir o bosque”Governador Ibaneis Rocha

Para marcar a nova etapa do parque, o governador Ibaneis Rocha iniciou o plantio das espécies nesta quinta-feira (25) junto à Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), responsável pela ação. Para a área dos pinheiros – superior a seis campos de futebol – estão previstos exemplares de pau-brasil, acácia, ipê, bromélia, copaíba, jacarandá, palmeira e outras espécies produzidas nos viveiros da Novacap. Desta forma, o GDF aproxima o Cerrado dos mais de 14 mil frequentadores do local durante a semana e dos mais de 37 mil nos finais de semana.

“Vamos ter aqui em Brasília um bosque nativo, um bosque bastante bonito que vai ajudar ainda mais a vida aqui no Parque da Cidade, que é um local muito visitado pela população, muito apreciado por todos do DF e aqueles que vêm de fora também;  é uma grande oportunidade para a cidade se renovar”, afirmou o governador Ibaneis Rocha durante o evento. “Essa área vai voltar a ser um cartão-postal de nossa cidade – porém, a partir de agora, com um DNA tipicamente candango, por meio dessas espécies que vão colorir o bosque”, reforçou o presidente da Novacap, Fernando Leite.

A professora Maria Libana Bezerra comemorou: “Foi excelente essa iniciativa do governo, porque vai proporcionar à população mais um local com sombra, bem agradável”

Frequentadora do Parque da Cidade, a professora Maria Libana Bezerra elogiou o trabalho: “Foi excelente essa iniciativa do governo, porque vai proporcionar à população mais um local com sombra, bem agradável. Antes não eram espécies do Cerrado, e agora teremos essas que representam Brasília. É um privilégio esse parque, e o GDF tem dado grande importância a essa melhoria. Temos visto o parque numa transformação”.

Relembre o caso

“Esse replantio é muito significativo na composição da história do Parque da Cidade”Renato Junqueira, secretário de Esporte e Lazer

A decisão de retirar os pinheiros foi tomada pelo grupo de trabalho composto pela Novacap, Instituto Brasília Ambiental, Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) e Secretaria de Esporte e Lazer (SEL) – que administra o Parque da Cidade. Para tanto, foi elaborado um plano de manejo que definiu todo o cronograma e a substituição das espécies.

Muitos desses pinheiros, que possuíam em média 27,7 metros de altura, apresentavam risco de queda, rachaduras, buracos, ferimentos, fungos, brocas e cupins, entre outros problemas. Segundo técnicos, as árvores foram feitas para durar 20 anos no local, e muitas acumulavam 40 anos.

A remoção começou em agosto de 2023, com a supressão de 1.628 pinheiros, seguida pela retirada total, em novembro. A Novacap foi a executora dessas ações. O material foi armazenado e será destinado a leilão público, enquanto os recursos serão encaminhados ao Tesouro do Distrito Federal.

“Esse replantio é muito significativo na composição da história do Parque da Cidade”, aponta o secretário de Esporte e Lazer, Renato Junqueira. “É resgatar o projeto de paisagismo de Burle Marx e ao mesmo tempo garantir aos frequentadores uma área mais arborizada com espécies nativas de nossa região, além da segurança de quem passa pelo parque.”

 Tecnologia e informação

O plantio traz outra novidade, aliada à tecnologia e permitindo uma jornada ambiental aos frequentadores do parque: as árvores serão identificadas com QR codes exclusivos. Ao direcionar a câmera do celular para esses códigos, as pessoas terão acesso às principais informações sobre cada espécie.

Desde o nome científico até a época de floração e colheita dos frutos, tudo estará ao alcance da tela. A inclusão de imagens detalhadas, que abrangem todas essas informações, facilitam a identificação futura de outras árvores da mesma espécie.

Com informações da Novacap