PLANO CLIMA

Governo federal, Estados e municípios elaboram plano de adaptação à mudança do clima

22 de março de 2024

Representantes dos três níveis de governo participaram de oficina para construção do novo Plano Clima

MMA

Ministra Marina Silva participa da abertura da oficina "Federalismo Climático". Foto: MMA

Ministra Marina Silva participa da abertura da oficina “Federalismo Climático”. Foto: MMA

O governo federal realizou na terça e quarta-feira (19 e 20/3) oficina com representantes de Estados e municípios para articular a coordenação e cooperação na adaptação à mudança do clima. O encontro em Brasília (DF) é parte da atualização do Plano Nacional sobre Mudança do Clima (Plano Clima), que guiará a política climática brasileira até 2035.

Os participantes da oficina “Federalismo Climático” debateram papéis, responsabilidades e possibilidades de ações dos diferentes níveis de governo na adaptação à mudança do clima, buscando identificar necessidades, prioridades e demandas dos Estados e municípios para o novo Plano Clima. As informações também direcionarão iniciativas federais para apoiar governos subnacionais na construção de suas estratégias de adaptação.

A ministra Marina Silva destacou na abertura da oficina, no Palácio Itamaraty, as diferentes responsabilidades no combate à mudança do clima. Os problemas, possibilidades de ação e capacidades de articulação e mobilização de recursos, completou, variam entre as esferas de governo:

“O Brasil é um país diverso, com a realidade bastante diversificada em relação aos problemas que nos afetam”, afirmou a ministra. “O enfrentamento da mudança climática deve atender em primeiro lugar a esse olhar para as especificidades de cada região, de cada Estado e de cada município.”

O Plano Clima foi instituído em 2009 para executar a Política Nacional de Mudança do Clima. Abandonado pelo governo anterior, a iniciativa foi retomada em 2023: o Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM), reestruturado pelo presidente Lula, criou grupos de trabalho para atualizá-la. O processo de revisão é colaborativo, e oficinas para ouvir diferentes setores da sociedade são realizadas desde o ano passado.

A nova versão terá eixos de mitigação e adaptação, cada um com estratégias nacionais e planos setoriais — oito para mitigação e 15 para adaptação —, além de metas e meios de implementação. A construção é realizada em parceria com mais de 20 ministérios e órgãos federais.

A elaboração do Plano Clima – Adaptação é coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), com orientação técnico-científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). O cronograma de trabalho para 2024 prevê a realização de cinco oficinas. A primeira, em janeiro, abordou a estratégia-geral; a segunda, em março, tratou da elaboração dos planos setoriais.

Segundo a plataforma AdaptaBrasil, do MCTI, 66% dos 5.570 municípios brasileiros têm capacidade baixa ou muito baixa de adaptação a eventos climáticos extremos. De acordo com a gerente de sustentabilidade da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Cláudia Lins, houve 60 mil decretações de emergência no Brasil de 2013 a 2023, 90% delas em municípios de até 50 mil habitantes e em maior parte devido à seca.

O negacionismo, disse Marina, é um obstáculo para a adaptação, mas a realidade cada vez mais se sobrepõe:

“Aqueles que estão vivendo na pele o problema da vulnerabilidade climática já não têm mais como negar”, afirmou ela. “Verificar que o Rio Amazonas seca, que o Rio Solimões e o Rio Negro secam e não conseguem sequer chegar à cota de cheia. Ondas de calor em que a sensação térmica no Rio de Janeiro chega a 60ºC. Chego em Curitiba e a sensação térmica está 40ºC. Isso não é normal.”

Uma das prioridades do MMA, afirmou a ministra, é apoiar os Estados e municípios na superação de gargalos e no acesso a recursos financeiros e humanos para enfrentar a mudança do clima. Iniciativas federais incluem o programa AdaptaCidades, que apoiará a construção de 260 planos municipais de adaptação à mudança do clima.

“Queremos que até 2025, quando a gente tiver a COP realizada no Brasil, todas as unidades federativas tenham seus planos de ação climática, com o pilar de mitigação e o pilar de adaptação. E isso está de acordo com o objetivo do governo federal”, afirmou o governador do Espírito Santo e presidente do Consórcio Brasil Verde, Renato Casagrande.

A necessidade de ação multinível também foi reforçada pelo prefeito de Niterói (RJ) e presidente da Comissão Permanente da Frente Nacional de Prefeitos de Cidades Atingidas ou Sujeitas a Desastres, Axel Grael:

“Nós não podemos agir localmente e deixar de lado as outras instâncias de governança, sejam elas estaduais, nacional, planetária. A gente não pode olhar para cidade que a gente vive e delegar para alguém, sem o nosso acompanhamento e participação, decidir o futuro nessas outras instâncias”, afirmou o prefeito.

Também participaram da cerimônia de abertura representantes da Secretaria-Geral da Presidência da República, da Secretaria de Relações Institucionais e dos Ministérios das Relações Exteriores, das Cidades e da Integração e do Desenvolvimento Regional, além de integrantes da Associação Brasileira de Municípios (ABM), da Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente (Anamma), da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema) e do Consórcio Brasil Central.

Após a abertura, houve apresentações sobre o Plano Clima e diálogos sobre seus aspectos federativos. No segundo dia de oficina, no Centro Cultural de Brasília, foram abordados temas como o AdaptaCidades, o papel dos Estados na adaptação e a necessidade de os municípios priorizarem o planejamento em adaptação à mudança do clima.

Assista aqui à abertura da oficina.

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