Luis Eduardo Magalhães

Sustentabilidade no Agronegócio Baiano: Certificações Impulsionam Exportações e Conservação Ambiental

21 de março de 2024

Aliança entre Produção de Qualidade e Responsabilidade Socioambiental fortalece Acesso a Mercados Internacionais e Preservação dos Recursos Naturais na Bahia

O Oeste da Bahia tem se destacado como um dos polos mais eficientes e conscientes em termos ambientais no setor agropecuário brasileiro. A combinação entre práticas sustentáveis e compromisso com a conservação dos recursos naturais tem impulsionado não apenas os resultados econômicos dos produtores, mas também a abertura de novos mercados internacionais. A certificação ambiental tornou-se um diferencial competitivo essencial para os produtores que desejam acesso aos mercados mais exigentes.

David Schmidt, produtor de soja, algodão, milho, feijão caupi, cacau e banana, é um exemplo desse movimento. Com sete fazendas totalizando 35 mil hectares em Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, ele compreende bem a importância da sustentabilidade para a competitividade. “Para acessar os excelentes mercados internacionais e obter linhas de crédito mais atrativas, precisamos atender aos requisitos de sustentabilidade e responsabilidade social, além de obter certificações de organismos internacionais”, explica Schmidt.

A trajetória de certificações do Grupo Schmidt Agrícola começou em 2012, com a certificação da soja. Hoje, eles possuem seis certificações rigorosas que permitem a exportação de soja, milho e algodão produzidos de forma socialmente responsável. Entre elas, destaca-se o padrão RTRS de produção de soja responsável, que assegura a ausência de desmatamento ou conversão. “Toda soja exportada para a Europa, por exemplo, deve possuir essa certificação, assim como o milho com certificação RTRS”, acrescenta Schmidt.

A certificação RTRS para soja e milho implica cumprir 108 indicadores obrigatórios e de implantação progressiva, distribuídos em cinco critérios essenciais: cumprimento legal, condições de trabalho, relações com a comunidade, responsabilidade ambiental e boas práticas agrícolas. Além disso, o Grupo Schmidt também possui o certificado do Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e da Better Cotton Initiative, permitindo a exportação de algodão para o mercado internacional.

A sustentabilidade é um pilar que se estende além das culturas de commodities. As fazendas de Schmidt possuem certificações para a fruticultura, garantindo não apenas a fitossanidade das frutas, mas também a produção de acordo com padrões de qualidade e práticas sustentáveis. Para isso, são utilizadas técnicas modernas, como o tratamento de doenças com moléculas químicas específicas que minimizam impactos ambientais.

Benito Fernandez é outro exemplo de produtor comprometido com a preservação ambiental. Com uma propriedade de 25 mil hectares em Formosa do Rio Preto, ele mantém mais de 80% da área coberta por vegetação nativa, incluindo 12 quilômetros de mata ciliar preservada ao longo do Rio Preto. Pioneiro na região, Fernandez concilia a pecuária com a conservação da floresta do cerrado há quase cinco décadas.

Além das certificações, os produtores baianos têm investido em projetos de recuperação de áreas degradadas e orientação aos colegas no processo de certificação de sustentabilidade. A irrigação eficiente, o controle biológico de pragas e o respeito à legislação ambiental e trabalhista são práticas comuns entre os mais de 1.300 produtores associados.

A busca pela certificação ambiental e práticas sustentáveis não é apenas uma exigência dos mercados internacionais, mas uma estratégia de longo prazo para a eficiência do agronegócio baiano. “A conservação ambiental não é um obstáculo, é uma vantagem competitiva. É sinônimo de eficiência”, destaca o professor Erick Rojas, da Universidade Federal do Oeste da Bahia.

Diante da crescente demanda por produtos sustentáveis, o agronegócio baiano se mostra não apenas como um grande produtor e exportador, mas como um exemplo de como é possível conciliar desenvolvimento econômico com a preservação dos recursos naturais. A certificação ambiental não é apenas um selo de qualidade, mas um compromisso com o futuro da agricultura e do planeta.