lobo-guará

Registro inédito no Parque Nacional da Serra Geral dá início ao monitoramento de um lobo-guará

2 de abril de 2024

Campanha de monitoramento de grandes carnívoros para fins científicos resultou na captura inédita de uma fêmea adulta de lobo-guará na UC

ICMBio

Registro inédito do monitoramento – Foto: Daniel Herrera/Instituto Vento e Divulgação. Inst. Vento/Tecniflora

Uma campanha de monitoramento e captura de grandes carnívoros, para fins científicos, promovida pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio), Ibama e um grupo de pesquisadores, resultou na captura inédita de uma fêmea adulta de lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) no Parque Nacional da Serra Geral, em Cambará do Sul (RS). Uma onça-parda (Puma concolor), conhecida na região como leão-baio, também foi registrada e será monitorada pelos pesquisadores.  

O lobo-guará havia sido avistado há mais de uma década na região. A primeira captura para fins de monitoramento se deu em novembro de 2023. O animal foi batizado de “Viração”, uma referência à neblina que surge dos abismos dos Aparados da Serra.  

Seguindo um protocolo técnico, os animais foram sedados e analisados no próprio local. Após a coleta de material biológico para análises epidemiológica e genética, cada animal recebeu um colar especial de monitoramento por sistema de satélite, e ambos foram soltos em seguida. 

“A captura da loba Viração é muito significativa, pois é o lobo-guará que passa a ser monitorado mais ao sul do Cerrado, bioma central da espécie. Começaremos a entender como o Guará resistiu durante todo esse tempo aqui nestes banhados, campos e peraus; se migrou de outro bioma, seus hábitos e territórios de vida”, explica Fábio Mazim, ecólogo gaúcho especializado em felinos e um dos participantes da campanha. 

Até chegar à loba dos Aparados, foram anos de pesquisas precursoras. “Estamos pisando em solo sagrado”, diz a bióloga Juliana Nascimento Martins, nos rastros do lobo, em uma fazenda limítrofe ao cânion Fortaleza. Em 2021, com o apoio do proprietário da área, Juliana e sua equipe mapearam os corredores ecológicos dos mamíferos predadores. Meses depois, Juliana via surgir a incrível imagem de um lobo-guará nas armadilhas fotográficas. 

“Quando chegamos no rastro de espécies tão importantes, como o leão-baio e o guará, animais que estão no topo da cadeia alimentar, nós pensamos em nomes que sejam representativos para a região”, conta a veterinária goiana Ana Carolina da Cunha Ribeiro, integrante da equipe.  

Foto: Daniel Herrera/Instituto Vento e Divulgação. Inst. Vento/Tecniflora