6 de maio de 2024
Comitiva liderada pelo presidente Lula foi ao Estado nesta quinta-feira (2/5); prioridade das ações é salvar vidas e realizar resgates
Presidente Lula e comitiva ministerial em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Ogoverno federal instalou nesta quinta-feira (2/5) sala de situação no Palácio do Planalto, em Brasília, para coordenar a resposta oficial à catástrofe socioambiental causada pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul (RS). A primeira reunião ocorreu após retorno de comitiva liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para avaliar a situação no Estado.
A comitiva realizou sobrevoo por áreas afetadas, reuniu-se com o governador Eduardo Leite e outros representantes de órgãos federais e locais. Em entrevista coletiva, Lula destacou que a prioridade das ações federais, estaduais e municipais é salvar vidas e realizar resgates:
“No primeiro momento, a gente tem que salvar vidas, cuidar das pessoas. No segundo momento, a gente vai ter que cuidar de fazer uma avaliação dos danos e, a partir daí, começar a pensar em como encontrar o dinheiro para que a gente possa reparar esses danos”, afirmou Lula.
A tragédia no Estado ocorre devido à massa de ar quente estacionada no Centro-Sul do país, que impede o avanço de frente frias e concentra a precipitação no Rio Grande o Sul e no sul de Santa Catarina. O fenômeno é intensificado por um dos El Niños mais fortes da história, agravado pela mudança do clima.
“É o segundo evento climático extremo no Estado em um ano, é preciso ficar preocupado em cuidar do planeta Terra com muito mais carinho, com muito mais amor”, afirmou o presidente, referindo-se as fortes chuvas que deixaram 54 mortos no Vale do Taquari em setembro de 2023. “A natureza está se manifestando, e nós precisamos levar isso muito em conta. Quando a natureza se rebela, os prejuízos são muitos.”
A comitiva ao Rio Grande do Sul teve participação da ministra Marina Silva (MMA) e dos ministros Rui Costa (Casa Civil), Renan Filho (Transportes), Waldez Góes (MIDR), Jader Filho (Cidades) e Paulo Pimenta (Secom), além do comandante do Exército, general Tomás Paiva, do chefe do gabinete do Comandante da Aeronáutica, Major-Brigadeiro do Ar Antonio Luiz Godoy Soares, e da primeira-dama Janja Lula da Silva, entre outros.
“Eventos climáticos extremos acontecem em função da ação humana, que alterou as grandes regularidades naturais. Essas grandes precipitações acontecem de forma frequente e, infelizmente, vão se tornar mais intensas”, afirmou Marina. “Por isso que a orientação do presidente Lula era de que pudéssemos atuar em duas frentes: a da gestão do desastre, em parceria com os governos estaduais e municipais, e a frente de prevenção aos eventos climáticos extremos.”
A sala de situação na Presidência é coordenada pela Casa Civil e terá reuniões diárias. Estrutura similar foi criada em Santa Maria para agilizar o envio de informações a Brasília, coordenada pelo vice-chefe do Estado-Maior do Exército, general Hertz do Nascimento, e Wolnei Barreiros, secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil.
“A prioridade absoluta é salvar vidas. E isso significa resgatar pessoas do isolamento, acolher em abrigos, em lugares seguros, garantir a chegada de suprimentos, alimentos, medicamentos em hospitais, postos de saúde, energia, comunicação, combustível para que as coisas continuem funcionando”, afirmou o ministro Rui Costa.
O governo federal montou nesta quinta-feira (2/5) hospital de campanha em Lajeado, que terá espaço para triagem, dois consultórios, emergência, quatro enfermarias com 40 leitos e alojamento para quem precisar de apoio hospitalar.
O efetivo das Forças Armadas no Estado foi ampliado de 335 para 626 militares e há oito aeronaves em ação. Quarenta e cinco viaturas e 12 embarcações e botes de resgate foram enviados pela Marinha e o Exército.
Segundo números divulgados pelo governo do Estado nesta quinta, a tragédia socioambiental já deixou 13 mortos, 12 feridos, 9,9 mil desalojados e 4,5 mil desabrigados. Há 21 pessoas desaparecidas.
O governador Eduardo Leite destacou que os números são preliminares e provavelmente imprecisos, devido à dificuldade de acesso em grande parte do Estado. Leite também destacou que a situação deve se agravar em Porto Alegre nos próximos dias:
“O Rio Guaíba deve chegar a quatro metros e, dependendo do vento, da direção dos ventos, que podem escoar melhor ou podem represar as águas, pode chegar a 4 metros e 20. E essa projeção pode ser pior ainda. Estou falando para o dia de amanhã especialmente”, afirmou o governador.