VAGALUMES E PIRILAMPOS
2 de maio de 2024CIENTISTAS EXPLICAM A REDUÇÃO DESSES INSETOS
A erosão genética do Cerrado é grave. E intensa. Cientistas da Universidade de São Carlos-SP acabam de divulgar que, nos últimos 30 anos, houve uma queda exponencial no número de besouros e larvas conhecidos como vagalumes ou pirilampos que vivem nos cupinzeiros. Especialmente no Cerrado e muito mais no Parque Nacional das Emas, em Goiás. Esses besouros têm uma propriedade particular de bioluminescência.
A quantidade desses besouros diminui lentamente. Segundo estudos dos pesquisadores, a diminuição drástica tem duas explicações: a ocupação das áreas nativas e a plantação intensiva e comercial da soja, cana-de-açúcar, algodão e à formação de pastagens para gado de corte e leite. Os pesquisadores alertam para outros dois fatores pela diminuição dos insetos luminosos: o uso de produtos químicos e a iluminação artificial.
O trabalho de pesquisa começou nos anos 90, quando foram registradas 51 espécies desses besouros. Hoje, algumas espécies já estão praticamente extintas e outras
Pelo Código Florestal, apenas 20% da área de cada unidade de propriedade privada situada no Cerrado é considerada como legalmente protegida, isto é, não pode ser desmatada. Esse percentual chega a 35% no caso das áreas de Cerrado que se encontram oficialmente no território da chamada Amazônia Legal. Isto é uma desvantagem flagrante em relação à Amazônia, onde 80% das áreas de cada propriedade precisam ser protegidos.
O CERRADO
O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul. Ocupa aproximadamente 23% do território brasileiro, com áreas em 11 estados e no Distrito Federal, sendo o local de onde brotam diversas nascentes e importantes áreas de recarga hídrica que alimentam boa parte das bacias hidrográficas brasileiras e de outros países da América do Sul. Das 12 principais regiões hidrográficas do País, oito têm nascentes no Cerrado.
Nos últimos quatro anos, o desmatamento no bioma aumentou 69%: de 6,3 mil km² (2019) para 10,7 mil km² (2022). A perda de vegetação nativa no Cerrado representou mais de 40% de todo o desmatamento ocorrido no país durante a gestão anterior.
De janeiro a agosto de 2023, a área sob alertas de desmatamento foi 19,8% maior do que no mesmo período de 2022. No entanto, com o aumento da fiscalização e a colaboração do governo federal com os governos estaduais, foi verificada tendência de estabilização nos últimos meses: de junho a agosto, houve queda de 0,7% da área sob alertas em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Cupinzeiros iluminados no Parque das Emas, em Goiás. A bioluminescência é, uma luz fria, não fosforescente, emitida por alguns organismos vivos com finalidades diversas, conforme a espécie e o grupo a que pertencem.
Área típica do Cerrado na Chapada dos Veadeiros, em Goiás.
BERÇO DAS ÁGUAS
O Cerrado conecta-se com quatro dos outros cinco biomas brasileiros, à exceção do Pampa, e foi desmatado em grande parte para expansão da fronteira agrícola. Segundo dados da Produção Agrícola e Pecuária Municipal, 54% da produção agrícola e 44% do rebanho bovino do país vêm de municípios do bioma.
É o bioma brasileiro com o maior nível de desmatamento — nas últimas duas décadas, perdeu 12% da vegetação nativa remanescente. No ano passado, a vegetação nativa representava 47% do bioma, e as áreas de pastagem e agricultura somavam cerca de 30% e 15%, respectivamente.
A substituição da flora natural por áreas de pastagem e culturas agrícolas aumentou a temperatura média no bioma entre 0,6°C e 3,5°C. A cada ano, a estação chuvosa chega em média 1,4 dia mais tarde. Desde 1980, a demora acumulada é de aproximadamente 56 dias.