Bioluminescência 2

VAGALUMES, PIRILAMPOS OU UAUÁS?

2 de maio de 2024

EURICO SANTOS: o grande divulgador da natureza

Silvestre Gorgulho

 

A rigor, pirilampo não é sinônimo de vagalume. São espécies de famílias diferentes. Para quem quiser saber mais detalhes sobre as diferenças entre pirilampos, vagalumes ou uauás, o pesquisador Eurico Santos, em sua Zoologia Brasílica, esclarece: Pirilampo (Pyrophorus nyctophanus) – Coleópteros da família dos elaterídeos e subfamília dos pirophorineos. É conhecido por tuco na Argentina, nas Guianas e mesmo em algumas partes do Brasil. Há centenas de espécies, mas a P. Nyctophanus é a mais vulgar entre nós. Os órgãos luminescentes, dois discos branco-amarelados com aspecto de olhos, localizam-se nas laterais da base do pronoto. Suas larvas são também luminescentes e seus órgãos fotógenos espalham-se pelo corpo em numerosas pequenas áreas.

 

VAGALUME – Recebem este nome as várias espécies de coleópteros da família dos lampiridídeos (Lampyrididade) muito conhecidos pela luminescência branca esverdeada de que são dotados. A luminescência é exteriorizada através de áreas claras e translúcidas do tegumento do antepenúltimo (5°), do penúltimo e, às vezes, do último urosternito. Em algumas espécies, as fêmeas são ápteras.
UAUÁ – Reminiscência do linguajar tupi, que ainda persiste em algumas partes do Brasil. O mesmo que dizer pisca-pisca na língua gentílica.

 

A LINGUAGEM PISCA-PISCA

 

No mundo dos seres vivos, as linguagens são muitas. A linguagem do fogo, das bandeiras, dos sinais, dos gestos, dos sons e das luzes. Quando uma pessoa está dirigindo um carro e quer indicar que vai entrar à direita, ela liga o pisca-pisca para a direita. Pronto! Quem está na rua, pedestre ou automóvel, já sabe o que significa aquele sinal. Os animais também têm suas linguagens. Das mais variadas, como o homem. Por exemplo, a lanterninha do vagalume também tem suas funções. A vagalume fêmea pisca para avisar ao macho que ele pode se aproximar dela para o acasalamento. O pisca-pisca também serve para espantar os inimigos, pois toda vez que a luz pisca, produz-se uma substância tóxica no corpo do vagalume.

 

Os cientistas buscam explicar melhor a função da lanterna dos vagalumes, que, certamente, funcionam como a forma de comunicação do pisca-pisca dos carros. O que se sabe é que um vagalume macho sobrevoa a vegetação à procura da fêmea para o acasalamento. Enquanto voa, vai piscando num ritmo próprio de sua espécie. Lá embaixo, a fêmea da mesma espécie vagalumia no mesmo ritmo, como que para avisar que o macho pode se aproximar.

Um inseto chega perto do vaga-lume e ele está apagado. O vagalume dá o bote e faz sua refeição. Mas o pisca-pisca funciona também ao contrário. Como os vaga-lumes têm toxina em seu corpo, os predadores quando veem o pisca-pisca já sabem que eles são presas indigestas.

 

PISCA-PISCA DOS BESOUROS ESPECIAIS

 

Na verdade, segundo os cientistas, os vagalumes não passam de besouros. Besouros especiais por emitirem luz. E eles formam três famílias diferentes: os elaterídeos, os fengodídeos e os lampirídeos. O que os diferencia são o lugar onde ficam os órgãos luminescentes, a frequência e, também, a cor da luz emitida.

 

QUEM FOI EURICO SANTOS

O grande divulgador da natureza brasileira

 

 

Jornalista por formação e cientista por vocação, ele se dedicou promover o conhecimento sobre a nossa fauna e flora para o público leigo

 

NOMES DA CIÊNCIA DA NATUREZA

O Brasil tem vários divulgadores de sua exuberante natureza. Para citar alguns: Fritz Müller, Adolfo Lutz, Hermann von Ihering, Emílio Goeldi. Johan Dalgas Frisch, Sebastião Salgado, Harri Lorenzi, entre outros, e o grande e eclético Eurico de Oliveira Santos.

 

Algumas publicações de Eurico Santos: ele criou jornais, revistas e escreveu vários livros

 

 

Carioca, Eurico Santos nasceu no Rio de Janeiro em 1883. Faleceu em 1968 e, como jornalista, botânico e cientista, deixou uma obra fantástica sempre dedicada à natureza e educação ambiental. Eurico Santos tinha o dom da comunicação. E todo seu trabalho tinha inventividade e despertava interesse geral. Ele escrevia para técnicos, para crianças e para professores de uma forma didática, curiosa e científica. Era um escritor pleno. Escreveu para jornais, criou quatro revistas de agronomia e publicou cerca de 50 livros sobre animais e plantas do Brasil. Com certeza, foi um dos maiores – senão o maior – divulgador da fauna e da flora brasileira.