DIGA NÃO À MENTIRA
1 de junho de 2024Nas guerras e nas tragédias a primeira vítima é a verdade
Edison Bittencourt – Médico veterinário e ex-servidor do Ministério da Agricultura, Incra, Itaipu e Presidência da República. < [email protected] >
As enchentes castigam o povo do Rio Grande do Sul. Muitas mortes, milhares de pessoas desabrigadas, muita gente morando em seus carros, casas destruídas, falta de alimento, destruição da infraestrutura, doenças e, também, muita desinformação ou ‘fake-news’. A guerra das mentiras sobre a tragédia aumenta a tragédia. Pior: até dificulta as ajudas.
O jornal Zero Hora, em matéria da jornalista Rosana de Oliveira, aborda este tema que considero de alta relevância.
As entidades ligadas ao sistema de Justiça do RS, em uníssono, proclamam: “DIGA NÃO À MENTIRA. O alerta é oportuno porque tem repercussões incontestáveis. Vivenciamos tempos em que tudo é politizado, tudo é polarizado, sem que se mensurem as graves consequências que possam ocorrer.
Dentro da politização doentia, um dos meios mais usados são as ‘fakes-news’, premonitórias da desgraça e até do lutuoso. São como os saques da bandidagem: terríveis e só dificultam as ajudas e aumentam as tragédias.
A desinformação ou a informação falsa são capazes de, maquiavelicamente, influenciar o já fragilizado mental das pessoas.
Meu âmago, castigado pelos 85 anos de vida, deixa de lado os criminosos autores das ‘fakes’ e se preocupa, justamente com as milhares de pessoas que acreditam, influenciam e divulgam, criando um mundo geográfico colossal. Providas de cursos superiores ou não, a maioria perdeu a capacidade da busca pela verdade, quando apenas ouve, vê e discute somente um lado da questão, renegando outras fontes de origens diferentes.
Essa rigidez inquebrantável de opinião, fragiliza a capacidade do escasso e já quase extinto discernimento. Confesso que na procura das causas e razões, não cheguei a conclusões sensatas, pois diante de tantos absurdos, pensei até em uma lavagem cerebral.
Joost Meerloo, um psiquiatra holandês, foi o autor dos primeiros ensaios sobre a teoria da lavagem cerebral, quando a pessoa perde a capacidade do pensamento reflexivo. Para Meerloo, os métodos dos governos autoritários, os cultos e as facções são usados para controlar e manipular as massas. Resumindo, é a perda da capacidade do discernimento. Será que Freud tinha razão, quando afirmou que “os processos psíquicos em sua imensa maioria são inconscientes”?
Recebo diariamente dezenas de ‘fakes’ e telefonemas, onde pessoas bem-informadas, melhor dizendo, desinformadas propositalmente ou não, usam discursos inflamatórios da desagregação. Entre tantos, a revolta contra os militares, por não estarem presentes na tragédia que assola a minha amada Província de São Pedro do Rio Grande do Sul.
Ora, a presença maciça das Forças Armadas é incontestável e insofismável. Se não bastassem a presença de 20 mil soldados, botes e caminhões, foram mais de 60 mil resgates de pessoas com a ajuda inestimável de outros órgãos e, principalmente, com a força dos voluntários. Isso, além do resgate de animais, do cansaço e das noites mal dormidas. Os abomináveis autores das ‘fakes’, usam tentativas perversas de jogarem todas essas ações humanitárias no lixo do esquecimento. Qual é a razão da desinformação? Felizmente “a mentira tem pernas curtas” e somos privilegiados por ainda termos ao nosso lado, pessoas e entidades preocupadas com o bem.
Temos um Brasil engajado para a benevolência de todas as questões humanitárias. Felizmente, o nosso Exército não é só de dois Generais e a Marinha de um Almirante. Somos uma Nação, um País de infinitas possibilidades, desde que a mentira seja subjugada.
O fomento das barbáries, gera a politicagem exacerbada, no único intuito de usarem covardemente as enchentes e as secas para o exotismo da autopromoção.
O importante é ter o retirante e o cavalo Caramelo. Sem eles, ou, com eles, deveria prevalecer a política como ciência, visando o bem da comunidade e não a promoção dos encantos pessoais.
Agradeço a todas as entidades pela iniciativa corajosa de gritar bem alto: DIGA NÃO À MENTIRA.
Viva! Ainda temos pessoas e entidades não subjugadas.