MAPA DO ESTADO MUDA COM AS INUNDAÇÕES
1 de junho de 2024As fortes chuvas que caíram sobre o Rio Grande do Sul desde o fim de abril provocaram uma mudança no mapa da região sul do Rio Grande do Sul.
Imagens captadas pelo satélite Sentinel-3 mostram o aumento na ligação entre a Lagoa dos Patos e a Lagoa Mirim, de acordo com o Laboratório de Oceanografia Dinâmica e por Satélites (Lods), da Universidade Federal do Rio Grande (UFRS). As imagens são dos dias 18 de abril (antes da enchente) e 15 de maio, quando a região já havia sido afetada pela inundação.
Imagem de satélite, abaixo, mostra a uma ampliação da ligação das lagoas Mirim e dos Patos. Segundo o pesquisador Fabrício Sanguinetti ainda é prematuro falar em alterações definitivas.
Lagoa dos Patos e a Lagoa Mirim entre abril e maio deste ano. (LODS-FURG)
O Fabrício Sanguinetti Cruz Oliveira, coordenador do laboratório, explica que, mesmo antes da enchente, já existia uma ligação entre as lagoas, o chamado Canal de São Gonçalo.
Na primeira imagem, porém, não é possível ver esse curso d’água com clareza. Segundo Sanguinetti, isso se dá simplesmente por uma questão de resolução do equipamento.
Professor Fabrício Sanguinetti, Coordenador do Laboratório de Oceanografia Dinâmica e Satélites da UFRS.
“Uma vez que teve essa enchente, essa ultrapassagem da cota de inundação, a gente teve visualmente o alargamento das margens do canal. Ou seja, os limites naturais foram expandidos para as laterais. Mas Isso corresponde basicamente à área inundada no entorno do próprio canal do traçado natural do canal, uma ampliação de uma área inundada”, detalha.
Apesar de, na imagem desta semana, parecer que as lagoas dos Patos e Mirim se juntaram em um único corpo hídrico, o professor explica que, por enquanto, não é possível fazer essa afirmação.
“Afirmar que as duas lagoas são o mesmo corpo hídrico, mesmo que provisoriamente, envolve muito conceito geomorfológico. Eu particularmente não concordo com isso. Dá para afirmar que houve uma variação geográfica. Ou seja, visualmente. Mas geomorfológica ou até mesmo uma alteração do curso do canal também é muito complicado de a gente afirmar isso”, comenta.
Segundo o coordenador do laboratório, para que se possa afirmar com precisão que houve alguma alteração geomorfológica, é necessária a realização de estudos mais aprofundados.
“Para que tivéssemos uma certeza ou pelo menos uma sugestão mais embasada seriam necessários estudos futuros. Ou seja, quando essa condição permitir estudos de campo propriamente para que sejam avaliados alguns parâmetros geomorfológicos de modo a atestar essa variação.”
Outro fato que chama a atenção na comparação das imagens do satélite é o aumento no volume de água no rio Jacuí, que desemboca no Lago Guaíba na região da Grande Porto Alegre. O Guaíba, por sua vez, é conectado com a Lagoa dos Patos.