EMERGÊNCIA CLIMÁTICA

No Conselhão, Marina reitera proibição do uso de fogo no Pantanal

28 de junho de 2024

Ministra participou de reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, em Brasília (DF)

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Ministra Marina Silva participa de reunião do Conselhão, no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Foto: Diogo Zacarias/MF

Ministra Marina Silva participa de reunião do Conselhão, no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Foto: Diogo Zacarias/MF

A ministra Marina Silva destacou nesta quinta-feira (27/6) que o uso do fogo está proibido no Pantanal, bioma que enfrenta a pior seca em 70 anos. Mais de 280 profissionais e sete aeronaves do governo federal operam em campo para combater os incêndios na região, com reforços já mobilizados.

“Não temos neste momento incêndios em função de ignição natural, o período não propicia essa forma de incêndio. Todos são por ação humana”, disse a ministra em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, no Palácio Itamaraty, em Brasília (DF). “Estamos com uma verdadeira força-tarefa para combater os incêndios no Pantanal, mas se as pessoas não pararem de queimar, não teremos como fazer frente.”

Historicamente o período de seca no Pantanal ocorre no segundo semestre, mas a mudança do clima e os efeitos do El Niño anteciparam e agravaram a estiagem. De acordo com nota técnica do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da UFRJ, o bioma enfrenta seca sem precedentes em duração e intensidade. Em maio e junho, segundo o estudo, todos os incêndios no bioma foram causados por ação humana.

Os governos estaduais decretaram a proibição definitiva de manejo de fogo até o final do ano, inclusive para atividades de renovação de pastagem. O Ministério da Justiça coordena trabalho de inteligência para investigar e punir os responsáveis por incêndios criminosos.

Áreas privadas, onde a prioridade de combate é dos governos estaduais, concentram 85% dos incêndios no bioma, segundo o levantamento do Lasa. Ibama e ICMBio atuam prioritariamente em Unidades de Conservação e Terras Indígenas, que concentram respectivamente 7% e 4,5% da área queimada, e apoiam as forças estaduais.

Mais 67 brigadistas do Ibama estão em deslocamento para o bioma, além de 82 integrantes da Força Nacional de Segurança Pública. Mais seis aeronaves federais também serão enviadas à região, entre elas um avião KC-390 da Força Aérea Brasileira, com sistema de dispensa de água capaz de carregar 10 mil litros por voo.

As aeronaves da Defesa se somarão a dois helicópteros e quatro aviões air tractors, aeronaves equipadas com tanques de água, do Ibama e do ICMBio, que já operam na região.

Em 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou pacto com governadores do Pantanal e da Amazônia para o combate a incêndios nos dois biomas. O governo federal também criou sala de situação liderada pela Casa Civil para ações de prevenção e controle de incêndios e secas em todos os biomas, com foco inicial no Pantanal.

A instalação do Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional Nacional (Ciman), que reúne órgãos e agências federais envolvidas nas ações de combate ao fogo foi antecipada em dois meses para reforçar a resposta aos incêndios no Pantanal. O colegiado teve seu primeiro encontro de 2024 nesta quarta-feira (26/4), na sede do Ibama, em Brasília (DF), com participação dos governos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Adaptação à mudança do clima

O presidente Lula também sancionou nesta quinta-feira o PL nº 4129/2021, que estabelece diretrizes para a elaboração de planos de adaptação à mudança do clima, de autoria da deputada Tabata Amaral. A legislação, afirmou Marina, está alinhada a iniciativas do MMA, como o Plano Clima e o plano de enfrentamento a emergências climáticas:

“Quando fazemos a gestão do desastre, é o que acontece no Rio Grande do Sul: mais de R$ 80 bilhões em ajuda humanitária e de reconstrução. Quando fazemos a gestão do risco, o custo diminui incomparavelmente”, disse a ministra.

O combate à mudança do clima demanda propostas disruptivas, como a taxação de grandes fortunas defendida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no âmbito do G20, declarou Marina:

“Por muitos anos transformamos a natureza em dinheiro, agora está na hora de transformar dinheiro em natureza e realizar um desenvolvimento sustentável.”