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O MURO DA MAUÁ PATRIMÔNIO DE ALERTA

1 de junho de 2024

A CORTINA DE PROTEÇÃO COMO MARCO DE MEMÓRIA É TEMA DE PESQUISA

Da redação

 

Letícia Heinzelmann, autora da matéria “Enchente de 2024: uma tragédia evitável” desta edição da Folha do Meio, é jornalista, graduanda em Museologia e integrante do grupo de pesquisas Gestão de Acervos e Direitos Humanos, na UFRGS. Para Letícia, o Muro da Mauá, além de proteger a cidade das águas, pode incorporar funções simbólicas, como preservar as memórias das enchentes, tonando-se um patrimônio de alerta, um “antimonumento”.

 

A pesquisadora Letícia Heinzelmann faz o trabalho de conclusão do curso de Museologia justamente sobre este tema. “Sendo uma das poucas vozes dissonantes na defesa desse patrimônio, de repente, vi minha pesquisa histórica, teórica, propositiva, se tornar assunto contemporâneo e urgente”, explica.

Apenas ao lembrar do passado pode-se ajudar na prevenção de novas tragédias. Para isso, é necessário que haja marcos que nos confrontem com esse sentimento incômodo. “Se houvesse manutenção do sistema, nada disso estaria acontecendo. E agora vai ser moda até defender o muro”, conforme apontou Lígia Botta.

 

A jornalista Letícia Turcato Heinzelmann é graduanda em Museologia no Departamento de Ciências da Informação da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

 

O Muro da Mauá enquanto antimonumento sobre a suscetibilidade de Porto Alegre a enchentes exerceria um “trabalho de memória”. Ele está lá há 50 anos, de prontidão, mas sem nos informar nada. Diante do aquecimento global e da perspectiva de agravamento de eventos climáticos extremos, não podemos ignorar esse alerta. Só assim, poderemos estar nós também prontos para cobrar que as necessárias manutenções sejam feitas periodicamente, a fim de que nosso sistema nos proteja de novos traumas evitáveis.