DALGAS
1 de julho de 2024O MENINO SONHADOR
Era uma vez um menino que vivia de sonhar.
Ele tinha o gen do sonho na alma.
Seu tataravô, Enrico Mylius Dalgas, foi um sonhador:
plantou todas as florestas da Dinamarca.
Seu pai, Svend, foi outro sonhador:
desenhou todas as espécies de aves brasileiras.
E ele, aos cinco anos de idade, aprendeu a sonhar:
assobiava os cantos das aves que viviam no jardim de sua casa.
Seus sonhos sempre tinham floresta no meio.
Ele sonhava com o zumbido do vento,
com o tilintar das folhas secas que caíam,
com o som das cachoeiras e com a beleza das aves.
Cresceu sonhando com a natureza.
De tanto sonhar, aprendeu que cada floresta tinha um som diferente, porque tinha ruídos diferentes,
porque tinha cantos diferentes e porque tinha vida diferente.
Aí resolveu cair na realidade e conhecer todas as florestas brasileiras. Uma a uma.
Visitou a Mata Atlântica, os Campos do Sul, a Caatinga,
o Cerrado, o Pantanal e a Floresta Amazônica.
Quanto mais se embrenhava na floresta, mais sonhos ele tinha.
Sonhos que viraram paixão.
Aí sua alma se mudou para os campos
e ele se apaixonou de vez pelos pássaros,
os habitantes mais alegres e mais charmosos das florestas.
Era uma vez um menino que sonhou a vida inteira…
E prestes a fazer 94 anos acordou…
Sim, como Senhor dos Pássaros, acordou e voou para o Céu.
Deixou sonhos aqui na terra.
Ainda sonha que os homens façam pelas aves,
o que fazem por si próprios.
Sonha que as cidades respeitem mais estas joias da natureza
dando-lhes maior proteção, comer e beber.
Sonha, ainda, em viver eternamente apaixonado
e que essa paixão escorra das páginas de sua vida
para dentro dos olhos, das mãos e da alma de cada um dos habitantes desta bendita Terra que possui a maior biodiversidade do mundo.
Johan Dalgas Frisch deixa seu legado
e muitas mensagens na sua história de Menino-Passarinho.
A melhor delas: vida sem paixão é vida que se vai
como a folha seca de uma árvore que cai.
Vida com paixão é vida que se vive intensamente,
prazerosamente e que deixa um rastro de luz
para iluminar eternamente nossas pegadas.
Era uma vez um menino que vivia de sonhar.
Seus sonhos tinham sempre floresta, rios, paixão
e o cantar fantástico, doce e melodioso das Aves Brasileiras.