Parque dos Lençóis Maranhenses recebe título de Patrimônio Mundial da Unesco
28 de julho de 2024A decisão foi anunciada em Nova Délhi, na Índia, durante reunião do Comitê do Patrimônio Mundial
Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses recebe título de Patrimônio Mundial. Foto: Julius Dadalti
O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses foi incluído nesta sexta-feira (26/7) na lista do Patrimônio Mundial da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). A decisão foi anunciada em Nova Délhi, na Índia, durante reunião do Comitê do Patrimônio Mundial.
A região foi reconhecida por seu campo de dunas intercaladas com lagoas de água doce, ambiente moldado pelo vento e único no mundo. O processo de candidatura foi realizado pelo governo federal em parceria com o governo do Maranhão, os municípios de Barreirinhas, Santo Amaro e Primeira Cruz, além de comunidades que vivem na região.
“O reconhecimento é resultado do que os Lençóis Maranhenses representam: beleza natural em suas formas imagética, acústica e paisagística, além de um ecossistema que se constituiu como habitat apropriado para a conservação da biodiversidade, inclusive para algumas espécies ameaçadas de extinção. Um paraíso natural que precisa ser protegido para as presentes e futuras gerações”, disse a ministra Marina Silva.
Os Lençóis Maranhenses foram incluídos na lista com base em critérios relacionados à beleza natural e suas características geomórficas. Cerca de 57% da área do parque é composta pelas dunas, com lagoas de água doce permanentes e temporárias abastecidas pela chuva e pela variação do lençol freático.
O parque abriga quatro espécies ameaçadas de extinção, o guará (Eudocimus ruber), a lontra-neotropical (Lontra longicaudis), o gato-do-mato (Leopardus tigrinus) e o peixe-boi-marinho (Trichechus manatus). Estima-se que a região tenha cerca de 133 espécies de plantas, 112 espécies de aves e pelo menos 42 espécies de répteis.
O relatório aprovado pelo comitê destacou o arcabouço legal e institucional que garante a proteção permanente da área. Na zona de transição entre Cerrado, Caatinga e Amazônia, a Unidade de Conservação foi criada em 1981 e é administrada pelo ICMBio.
“O reconhecimento internacional mostra para cada cidadão o quanto a natureza do Brasil é especial e única no mundo e precisa de cuidado e proteção. E que a gente saiba fazer desse patrimônio um benefício para todos”, disse a secretária de Biodiversidade do MMA, Rita Mesquita.
Em agosto de 2023, avaliadores da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) foram ao Maranhão para fazer uma avaliação técnica do parque. Aspectos como a integridade e o manejo foram observados e consolidados em um relatório entregue ao comitê da Unesco, colegiado que reúne rotativamente representantes de 21 países.
“O título atrai os olhos do mundo para a região, o que traz consequências boas com o maior ingresso de recursos, mas também riscos com o turismo de massa. Os desafios são, entre outros, fazer uma gestão integrada e sustentável do parque, conter a especulação imobiliária no entorno e repartir os benefícios com as comunidades envolvidas”, disse Bernardo Issa, coordenador da candidatura e analista do Departamento de Áreas Protegidas da Secretaria de Biodiversidade do MMA.
O título de Patrimônio Mundial é dado a lugares cuja relevância natural ou cultural, segundo a Unesco, ultrapassa fronteiras nacionais e tem importância para toda a humanidade.
É a primeira vez em 23 anos que o Brasil tem um Patrimônio Natural reconhecido. Os últimos inscritos na lista foram as Reservas de Fernando de Noronha e Atol das Rocas e os Parques Nacionais da Chapada dos Veadeiros e das Emas, em 2001. A cidade de Paraty e a Ilha Grande foram reconhecidos como Patrimônios Mistos em 2019 em razão de suas características naturais e culturais.
Com os Lençóis Maranhenses, o Brasil passa a ter 24 títulos de Patrimônio Mundial: 15 culturais, oito naturais e um misto.