Folha do Meio Ambiente

Símbolo da preservação do cerrado brasileiro e Patrimônio Mundial Natural, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros concluiu no último dia 28 de junho o processo de regularização fundiária de 977 hectares, por meio do recebimento da escritura da fazenda Mundo Novo, após acordo de indenização dos proprietários no valor de R$ 7 milhões. Os recursos são da compensação ambiental. 

O terreno da fazenda dá acesso aos atrativos cachoeira Santana e Borda Infinita, ambos de grande beleza cênica e a previsão é que um novo portão de acesso à unidade de conservação seja criado no município de Cavalcante, em Goiás.

A solenidade de formalização do acordo foi realizada na Câmara Municipal de Cavalcante e contou com a participação do presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Pires. “É uma conquista de muita gente, uma demanda muito importante e é uma alegria trabalhar com o meio ambiente, com a natureza, em que todo mundo se engaja, interessado no bem comum. Temos que trabalhar em cooperação, junto com o governo do estado, com o governo municipal, com a sociedade. O nome da fazenda é Mundo Novo, só temos este mundo, é este mundo que precisamos renovar, com as pessoas participando, podendo usufruir e conservando”, destaca.  

A área da fazenda foi incorporada ao Parque Nacional em 2017, quando os limites da unidade foram ampliados. O processo de regularização fundiária iniciou neste mesmo ano e se destacou pela complexidade do processo. Segundo a Coordenadora de Regularização Fundiária do Instituto Chico Mendes, Eliani Maciel, o processo da fazenda Mundo Novo serve de exemplo para outras situações semelhantes. “Uma vez que a aquisição foi por um acordo amigável, o pagamento foi em moeda corrente e pelo justo valor de mercado”, esclarece.  

A chefe do Parque Nacional, Nayara Stacheski, agradeceu o empenho da comunidade e da equipe atual do ICMBio e das gestões anteriores da unidade no esforço para regularização da área. “Essa não é uma conquista só do ICMBio, é da sociedade como um todo. Se a gente tem uma equipe empenhada, a gente consegue fazer um bom trabalho, com um confiando no outro, e aqui, diante da sociedade civil, apresentamos a certidão de nascimento do acesso à cacheira Santana e outros atrativos. Fico muito feliz em poder anunciar isso, ampliando o acesso ao parque, a gente realiza um sonho.” 

Cerimônia

A mesa da cerimônia foi composta, além do presidente do ICMBio, pelo coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Cerrado, deputado estadual Antônio Gomide, o diretor da Saneago, Ricardo Soavinski, a presidente da Câmara Municipal, Eliene Kalunga, o prefeito de Cavalcante, Vilmar Kalunga, o secretário de Economia Verde Descarbonização e Bioindústria do MDIC,  Rodrigo Rolemberg, a chefe do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, Nayara Stacheski, e o coordenador do movimento SOS Chapada dos Veadeiros, Álvaro Fernando De Angelis. 

Após o encontro na Câmara Municipal, os participantes fizeram uma visita à área da fazenda Mundo Novo. Um grupo de cerca de 40 pessoas foi até a cachoeira Santana e até a Borda Infinita, num primeiro teste de visitação pública no local.   

A abertura do novo acesso e a visitação às cachoeiras vai requerer a construção de uma ponte e melhoria da estrada até os atrativos, além de avaliação técnica a respeito das condições de segurança no entorno das cachoeiras. 

Os atrativos, que ainda não estão abertos ao público, ficam a poucos minutos da cidade de Cavalcante e devem beneficiar diretamente a população local da cidade, na medida em que os visitantes irão demandar opções de hospedagem, alimentação, comércio e serviços.

Parque 

O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros foi criado em 1961 e está localizado no nordeste do Estado de Goiás, entre os Municípios de Alto Paraíso de Goiás, Cavalcante, Teresina de Goiás, Nova Roma e São João d’Aliança. A área de proteção abrange 240.611 hectares de cerrado de altitude e abriga espécies e formações vegetais únicas, inúmeras veredas e centenas de nascentes e cursos d’água, além de rochas com mais de um bilhão de anos e paisagens geológicas de rara beleza. O parque também preserva ruínas de antigos garimpos e foi declarado Patrimônio Natural Mundial pela UNESCO, em 2001.