Luis Eduardo Magalhães

Algodão da Bahia Alcança Novos Recordes de Produção

5 de agosto de 2024

Safra 2023/24 se destaca pela qualidade da fibra e práticas de manejo sustentável

Rodrigo Gorgulho

Imagem: Maiara Luz/ Canal Rural BA

A área plantada de algodão na Bahia durante a safra 2023/24 alcançou 345,4 mil hectares, com uma produção estimada em 662,8 mil toneladas. Sendo o segundo maior estado produtor de algodão do Brasil, a colheita na Bahia segue em ritmo acelerado, com expectativas de superar os recordes da safra passada. A fibra baiana tem se destacado pela sua qualidade e pelas boas práticas de manejo.

No campo, a vista das plumas de algodão no horizonte indica que é tempo de colheita. O algodão baiano, também conhecido como ouro branco do Cerrado, é cultivado tanto em áreas irrigadas quanto de sequeiro. Na fazenda onde o engenheiro agrônomo Murilo Lunardo trabalha, são cultivados mais de 4.500 hectares de algodão irrigado e 1.500 hectares de sequeiro.

“A área total do grupo é de cerca de 25 mil hectares, e nas áreas irrigadas, conseguimos fazer duas safras. Já iniciamos a colheita nas áreas de sequeiro, com uma média de 340 arrobas por hectare. Estamos satisfeitos com os resultados deste ano e esperamos superar essa média nas áreas irrigadas, atingindo cerca de 350 arrobas por hectare”, afirma Lunardo.

A Bahia desempenha um papel crucial no cenário nacional, contribuindo para que o Brasil se tornasse o maior exportador de algodão do mundo, com 2,6 milhões de toneladas, superando os Estados Unidos. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), essa meta só seria alcançada em 2030.

Até a última semana, cerca de 35% da área plantada na Bahia já havia sido colhida, com produtividade dentro das expectativas. Luiz Carlos Bergamaschi, presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), destacou que parte significativa dessa fibra atende tanto à indústria nacional quanto à exportação.

“A Bahia tem contribuído para as exportações brasileiras nos mercados internacionais. Atualmente, estamos com 35% da área colhida, cerca de 25% do algodão já foi beneficiado e aproximadamente 20% está em análise. A qualidade está boa e a produtividade está dentro da estimativa de 312 arrobas por hectare”, disse Bergamaschi.

Além disso, o presidente da Abapa também ressaltou as expectativas para a safra atual: “Embora seja cedo para afirmar, acreditamos que a Bahia deve atingir a meta de 662 mil toneladas de algodão em pluma nesta safra”, pontua.

De acordo com a Abrapa, para a safra 2023/24, a área plantada na Bahia foi de 345,4 mil hectares, com produção estimada em 662,8 mil toneladas e uma produtividade média que pode chegar a 1.919 kg/ha em pluma.

Representatividade no Agro

O algodão é uma commodity que movimenta uma cadeia produtiva significativa no agronegócio baiano. O Dia do Algodão é um dos eventos que demonstram essa representatividade e discutem as tendências do mercado. Neste ano, o evento reuniu 1.400 participantes em uma fazenda em Barreiras. Para Bergamaschi, “o algodão brasileiro e baiano conquistou esse destaque a partir dos anos 90, com muito conhecimento, tecnologia e inovação”.

Das fazendas, o algodão é levado para unidades de beneficiamento, onde as colheitadeiras agrupam a pluma em grandes rolos de cerca de 2.300 kg. Na unidade, ocorre a limpeza e separação das impurezas da pluma. Fernanda Zanotto, sócia-administradora de uma indústria de beneficiamento em Luis Eduardo Magalhães (BA), explica a capacidade do empreendimento no período de colheita.

“Hoje, temos a capacidade de beneficiar entre 8 mil e 10 mil hectares. Este ano, vamos fechar com praticamente 30 mil toneladas de algodão beneficiado. Em 12 anos, produzimos e beneficiamos mais de 500 mil fardos de algodão. Com os aumentos de área projetados, vamos ampliar a usina”, disse Zanotto.

Para manter a qualidade e atender um mercado competitivo e exigente, amostras da pluma são analisadas em laboratório. No Oeste da Bahia, o laboratório de análise de fibras da Abapa verifica aspectos como espessura, comprimento e cor do fio durante o período de colheita. O gerente do laboratório, Sérgio Alberto Brentano, explica que o objetivo é atestar a qualidade da fibra do algodão.

“Isso é muito importante para a comercialização e valorização do produto. Outro ponto é que os produtores podem conhecer as tecnologias a serem semeadas nas próximas safras, permitindo uma melhor gestão e escolha das melhores tecnologias para obter melhores resultados”, explica Brentano.

Com 71,7% das áreas de cultivo sendo de sequeiro (247,6 mil hectares) e 28,3% irrigadas (97,8 mil hectares), a atual safra é vista com boas perspectivas. Segundo a Abrapa, o Brasil deve colher 3,7 milhões de toneladas de algodão na safra 2023/24, uma cultura que, na simplicidade da natureza, gera beleza e riqueza.

“No final da safra, ao colher os resultados, temos uma sensação muito boa de dever cumprido. Isso impacta positivamente as famílias dos nossos funcionários, a economia regional e a melhoria da qualidade de vida. É muito gratificante”, conclui o engenheiro agrônomo Murilo Lunardo.