Temporada de reprodução das tartarugas marinhas 2023/24 registra 310 ocorrências em Fernando de Noronha
12 de agosto de 2024O monitoramento em Noronha é realizado pela Fundação Projeto Tamar e Centro Tamar do Instituto Chico Mendes
Nas praias localizadas dentro da área do Parna Marinho de Fernando de Noronha foram registradas 104 desovas – Foto: Buday Santos – Fundação Projeto Tamar
A temporada de reprodução das tartarugas marinhas, em Fernando de Noronha, encerrou com um total de 310 ocorrências, registrando uma queda de 28% em comparação ao ano anterior. O Centro TAMAR – ICMBio e a Fundação Projeto Tamar monitoraram o período reprodutivo de novembro de 2023 até junho de 2024, documentando 145 desovas nas praias do arquipélago.
“No ano passado, tivemos 432 ocorrências. Foi um ano recorde. Neste ano, o número reduziu. Por mais que o número tenha diminuído, tivemos grandes marcos. Constatamos dezesseis novas tartarugas que desovaram pela primeira vez e seis marcadas que retornaram à ilha para desovar”, disse Rafaely Nayanna Ventura, coordenadora da Fundação Projeto Tamar de Fernando de Noronha.
O bolsista do Programa Global Environment Facility (GEF/Mar) da base de Noronha do Centro TAMAR, Dênis Sana, explicou que é natural a oscilação dos números de uma temporada para outra. “As diferenças de número de desovas ao longo dos anos são naturais. Não se sabe exatamente o motivo, mas pode haver influência de padrões atmosféricos-climáticos e das flutuações nas migrações. Não são as mesmas fêmeas que desovam anos seguidos. Normalmente, há um ciclo de três anos, um ano com mais, depois diminui e aumenta novamente”.
Nas praias localizadas dentro da área do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha foram registradas 104 desovas. “Nesta temporada, houve 93 desovas na Praia do Leão, oito na Praia do Sancho e três na Praia do Sueste. A primeira desova foi em 17 de novembro e a última em 27 de junho, com a maioria ocorrendo entre fevereiro e abril. A Praia do Leão é a mais importante, representando cerca de 65% das desovas em todo o arquipélago, tanto no Parque Nacional como na Área de Proteção Ambiental (APA)”, afirmou Dênis.
Apesar da temporada de reprodução da Tartaruga Marinha ter terminado, ainda há cinco ninhos para eclodir na Praia do Leão.
Foto: Centro Tamar- Instituto Chico Mendes
Reprodução das tartarugas marinhas
As tartarugas marinhas existem há mais de 100 milhões de anos e são uma das únicas espécies que sobreviveram à extinção dos dinossauros. No Brasil, temos cinco das sete espécies conhecidas no mundo. Embora apenas um a cada mil filhotes chegue na fase adulta, entre 15 e 30 anos, estima-se que essas criaturas possam viver mais de 100 anos.
A reprodução das tartarugas marinhas é complexa. Após o acasalamento, a fêmea armazena os espermatozoides e, por meio de seleções químicas, escolhe o mais apropriado para fecundar. Uma tartaruga pode desovar em média de três a seis vezes, com intervalos de aproximadamente 12 dias, podendo colocar até 120 ovos em cada desova.
O sexo dos filhotes varia de acordo com a temperatura do local de incubação. Locais mais quentes tendem a produzir mais fêmeas, enquanto locais mais frios produzem mais machos. Após nascer, os filhotes ficam agitados e ativos, descansando apenas quando chegam às correntes oceânicas profundas, onde estão mais seguros de ameaças externas.