Na ONU, Lula propõe balanço ético das ações internacionais de combate à mudança do clima
23 de setembro de 2024Presidente participou da Cúpula do Futuro, na sede da ONU, em Nova York, nos Estados Unidos
Presidente Lula discursa na Cúpula do Futuro, na sede da ONU, em Nova York. Foto: Ricardo Stuckert
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs neste domingo (22/9) em discurso na sede da ONU, em Nova York, nos Estados Unidos, a construção de um balanço ético global das ações internacionais para o combate à mudança do clima. O presidente discursou na Cúpula do Futuro, que busca reforçar a governança global e incentivar soluções multilaterais para os problemas enfrentados pela humanidade.
“Em parceria com o secretário-geral, como preparação para a COP30, vamos trabalhar por um balanço ético global, reunindo diversos setores da sociedade civil para pensar a ação climática sob o prisma da justiça, da equidade e da solidariedade”, afirmou Lula (leia aqui a íntegra do discurso).
Segundo a ministra Marina Silva, que acompanha o presidente nos Estados Unidos, o objetivo é que o balanço ético ocorra depois de os países apresentarem suas novas metas climáticas, as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, na sigla em inglês). As nações devem enviar seus compromissos atualizados à ONU até fevereiro, para que possam ser compilados antes da COP30, que o Brasil organizará em Belém (PA) em novembro de 2025.
“A ideia é que o balanço ético seja realizado após as NDCs serem apresentadas, para que a sociedade em seus mais diferentes segmentos possa avaliar do ponto de vista ético se os esforços são suficientes, envolvendo aspectos de implementação, de transição justa e de ambição das NDCs. Se não forem suficientes, não devemos esperar cinco anos para fazer essa atualização”, afirmou a ministra.
A iniciativa, completou Marina, buscará não só acelerar a implementação das metas climáticas, mas também maior compreensão sobre as demandas e necessidades para um processo de transição justa e os meios de implementação necessários para realizá-lo.
Pacto para o Futuro
Lula discursou depois da adoção do Pacto pelo Futuro, documento aprovado pelos países-membros da ONU após meses de negociações. O acordo tem objetivo de fortalecer o multilateralismo e cooperação global, reconhecendo que as instituições internacionais criadas no pós-guerra devem se adequar aos desafios do século XXI.
O pacto indica a direção que o planeta deve seguir, declarou Lula, “mas ainda assim nos faltam ambição e ousadia”:
“Precisamos de coragem e vontade política para mudar, criando hoje o amanhã que queremos. O melhor legado que podemos deixar às gerações futuras é uma governança capaz de responder de forma efetiva aos desafios que persistem e aos que surgirão”, disse o presidente.
O acordo afirma que a “mudança do clima é um dos grandes desafios de nosso tempo, com impactos adversos que são desproporcionalmente sentidos por países em desenvolvimento, em especial aqueles que são particularmente vulneráveis”. “Nos comprometemos a acelerar o cumprimento de nossas obrigações no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas e do Acordo de Paris”, diz o pacto.
Os países concordaram com 56 ações, divididas em cinco eixos: desenvolvimento sustentável e financiamento para o desenvolvimento; paz e segurança internacional; ciência, tecnologia e inovação e cooperação digital; juventude e gerações futuras; e transformação da governança global.
Entre as medidas, as nações se comprometem a fortalecer as ações para combater a mudança do clima e aumentar os esforços para restaurar, proteger e conservar o uso sustentável do meio ambiente. Outras ações incluem acelerar a reforma da arquitetura financeira internacional para que faça frente ao desafio urgente da mudança do clima e financiamento para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
“Não podemos criar um futuro adequado para os nossos netos com um sistema criado por nossos avós”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres.