INCÊNDIOS FLORESTAIS

QUEIMADAS E INCÊNDIOS FLORESTAIS

2 de setembro de 2024

Nunca, neste País, se viu tantas queimadas, tantos incêndios florestais, tanta fumaça e tanta negligência na gestão de políticas ambientais.

Silvestre Gorgulho

 

Discurso não apaga fogo. Promessas de campanha política não apagam fogo. Ideologia não apaga fogo. E, também, só a intenção sem identificar os responsáveis que estão ateando fogo nas fazendas e áreas florestais não vai ajudar. Mais do que fumaça, paira no horizonte uma ação terrorista que se esforça em confrontar e destruir o País. Segundo o Instituto Ambiental da Amazônia (IPAM) a fumaça dos incêndios em São Paulo começou em intervalo de 90 minutos, entre 10h30 e meio-dia, e a maioria deles aconteceu em fazendas produtivas, especialmente de cana-de-açúcar e pastagens.

 

Depois que o fogo encontra ambiente propício para se propagar como ventos e a secura, o combate dos brigadistas fica muito difícil. (Foto: Mayke Toscano – Secom/MT

 

A Polícia Federal está conduzindo investigações em várias regiões do Brasil para identificar os responsáveis por incêndios que afetam diversas áreas. Outras investigações ainda podem ser abertas. As Delegacias de Meio Ambiente (DMAs) e Delegacias descentralizadas da Polícia Federal estão ativamente mobilizadas, monitorando de perto a situação dos incêndios nas respectivas jurisdições. A PF tem atribuição de atuar em casos de incêndios provocados por ação criminosa, especialmente em áreas de especial proteção, territórios indígenas ou em situações de interesse da União, como nos casos em que haja prejuízo ao funcionamento de aeroportos.

A investigação dos incêndios conta com o suporte de imagens de satélites, disponibilizadas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, possibilitando a identificação dos focos e a determinação das causas dos incêndios. O caso é grave.

 

BRASÍLIA TOMADA PELA FUMAÇA

Brasília, pela primeira vez, amanheceu no domingo, dia 25 de agosto, coberta de fumaça. Em maior e menor proporção, o mesmo aconteceu com muitas outras cidades do Sudeste, Centro-Oeste e Norte do País.

De acordo com o Corpo de Bombeiros Militares do Distrito Federal (CBMDF), que analisou imagens de satélite, a densa fumaça, que encobriu prédios oficiais como o do Congresso Nacional, é intensificada pelas queimadas que ocorrem no estado de São Paulo, trazida por ventos favoráveis.

É verdade que as mudanças climáticas têm ocasionado eventos extremos, como secas severas, inundações e incêndios florestais com maior frequência nas últimas décadas. Mas é tão verdade, também, que há falta de prevenção e muita omissão do governo federal. Tanto que o próprio Supremo Tribunal Federal – STF, pelo ministro Flávio Dino, determinou ao governo Lula mobilização total para combate aos incêndios em duas áreas específicas: Pantanal e Amazônia. Dino marcou para 10 de setembro, audiência de conciliação, a fim de acompanhar o integral cumprimento da decisão do STF.

O Supremo determinou ainda que, no prazo de 90 dias, a União apresente “Plano de Prevenção e combate aos incêndios florestais”.

 

Brasília coberta de fumaça, domingo, dia 25, às 16 horas, estacionamento do ParkShopping. O sol da tarde virou lua cheia. Segundo analistas de imagens de satélite, do Instituto Nacional de Meteorologia e do Corpo de Bombeiros, a fumaça que cobriu Brasília foi intensificada pelas queimadas que ocorrem no estado de São Paulo e Goiás.

 

INPE: AUMENTO 98% DE FOCOS

DE CALOR BATEU RECORDE DE 2023

A situação é grave e fugiu do controle. Focos de calor na Amazônia em julho deste ano tiveram aumento de 98% em relação ao mesmo mês no passado. Segundo dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Amazônia teve 11.434 focos de calor em julho de 2024. Em 2023, foram registrados 5.772 focos de calor. O maior registro de fogo no mês foi 30 de julho, com 1.348 registros em um único dia.

Julho também teve o maior registro de fogo na Amazônia desde 2005, quando ocorreu o recorde histórico de 19 mil focos de calor para um mês de julho. No estado do Amazonas, o recorde de focos de queimadas é histórico, sendo o maior desde 1998, quando o Inpe iniciou as medições.

 

Em 2024, a área queimada no Pantanal já alcançou 680 mil hectares (4,53% de toda extensão do bioma), ultrapassando 2020, quando comparado o mesmo período do ano. Até junho de 2020, o Pantanal havia queimado 258 mil hectares. Portanto, 2024 já apresenta um aumento de 143% em comparação com o mesmo período em 2020. Acumulado diário de área queimada de 01 de janeiro a 23 de junho nos anos de 2020 e 2024 e mediana histórica para o mesmo período no bioma Pantanal – Imagem: Sistema ALARMES, LASA-UFRJ.