Cerrado

Restauração do Cerrado exige uso de maquinário agrícola e herbicidas

5 de setembro de 2024

Áreas invadidas por capins exóticos são alvo de pesquisa e ações de manejo do Instituto Chico Mendes

ICMBio

 

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Restauração do Cerrado em área invadida por espécies exóticas exige pesquisa e ações de manejo no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros – Foto: Divulgação

Na região do Mulungu, no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, o Instituto Chico Mendes e a Associação de Coletores de Sementes da Chapada dos Veadeiros – Cerrado de Pé, trabalham em cooperação desde 2021 para controlar a invasão de gramíneas exóticas em uma área de 30 hectares. 

“As plantas invasoras são uma ameaça silenciosa que, aos poucos, vão degradando as áreas protegidas. Quando percebemos o tamanho do problema, já é muito difícil e caro para resolvê-lo completamente”, explica o Coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação em Biodiversidade e Restauração Ecológica do Instituto Chico Mendes, Alexandre Bonesso Sampaio. 

O Instituto Chico Mendes realizou pesquisas por 12 anos no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e desenvolveu uma técnica sem o uso de herbicidas para recuperar pastagens de gramíneas exóticas invasoras, como a braquiária, para retornar à vegetação nativa, com resultados impressionantes. No entanto, após três anos de sucesso, essas áreas voltavam a ser dominadas pela braquiária e outras invasoras. As plantas de gramíneas invasoras que permaneciam na área pela germinação do banco de sementes e pelo seu rápido crescimento e taxa de reprodução voltavam a dominar completamente a vegetação nativa, retrocedendo todo esforço e investimento.  

Diante dessa situação, o Instituto passou a pesquisar a eficácia e impactos do controle químico, e os resultados foram surpreendentes. “Áreas dadas como perdidas para a braquiária se tornaram, após o uso pontual e muito controlado de herbicida, novamente em campos de cerrado dominados por plantas como as sempre vivas, chuveirinhos, palipalãs, pireques e muitas outras plantas nativas e atraindo a avifauna típica e ameaçada de campos que havia deixado de ocorrer no local.”, conta Sampaio, doutor em Ecologia. 

As pesquisas para tentar não usar herbicidas continuam, mas para restauração de campos e savanas de Cerrado, no entanto, atualmente não é possível fazer o controle sem o uso desses químicos, que usados de forma correta e em pequenas quantidades, não tem risco de contaminação do solo e água, e pode ser uma ferramenta aliada da conservação da biodiversidade.

USO DE HERBICIDA 

O uso de herbicida para controle de espécies exóticas invasoras (EEI) como a Brachiaria, Humidícula, Braquiarão, Capim-gordura, Andropogon e Capim-jaraguá é considerado uma alternativa técnica viável, e está conforme as normas vigentes para erradicação das plantas invasoras na região do Mulungu, no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. A análise foi realizada pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação do Cerrado (CBC) e pela divisão específica da Diretoria de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade do ICMBio (DIBIO). O projeto de uso do herbicida está de acordo com a Instrução Normativa ICMBio nº 6/2019, bem como o com Guia para Manejo de Espécies exóticas Invasoras em Unidades de Conservação. 

Saiba mais sobre espécies exóticas invasoras no Cerrado na publicação: É verde, mas não é Cerrado.

Paisagem de áreas dominadas pelas gramíneas exóticas invasoras no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros - Foto: Divulgação
Paisagem de áreas dominadas pelas gramíneas exóticas invasoras no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros – Foto: Divulgação
Chuveirinhos voltam a brotar após manejo na área invadida por capim exótico - Foto: Divulgação
Chuveirinhos voltam a brotar após manejo na área invadida por capim exótico – Foto: Divulgação
Pireque, uma sempre-viva que foi semeada e está brotando nas áreas manejadas com herbicida - Foto: Divulgação
Pireque, uma sempre-viva que foi semeada e está brotando nas áreas manejadas com herbicida – Foto: Divulgação