incêndios florestais

UELLINTON LOPES DOS SANTOS

2 de setembro de 2024

O anjo que salvava a floresta. Saiba quem é o brigadista do DF que morreu carbonizado enquanto combatia fogo no Xingu.

Silvestre Gorgulho

 

Uellinton amava a natureza. Ele só queria salvá-la e fazer o bem. Uellinton defendia a florestas, as aves, as onças, as águas e as flores. Que o exemplo de sua garra e de suas lutas brotem nos corações de todos como a vida brota a cada Primavera. Obrigado, Uellinton!

 

 

Segundo comunicado do IBAMA, o brigadista Uellinton Lopes dos Santos, de 39 anos, morreu enquanto combatia incêndios florestais na Terra Indígena Capoto/Jarina, em São José do Xingu –  Mato Grosso. O corpo de Uellinton Lopes foi encontrado na manhã de segunda-feira, 26 de agosto.  Funcionário do Ibama e estava desparecido desde domingo (25). Uellinton pertencia ao quadro de brigadistas do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo).

O QUE É UM BRIGADISTA – Brigadista é parte de uma equipe que esquematiza a inspeção geral dos equipamentos de combate a incêndio. Todos os brigadistas estão capacitados para atuar na prevenção e no combate direto aos incêndios, além de terem condições para prestar os primeiros socorros em casos de emergência, avaliar os riscos e elaborar relatórios. Em suas redes sociais, Uellinton publicava a rotina de seu trabalho e dizia que um de seus “maiores prazeres” era viver em contato com a natureza para defendê-la e admirá-la.

 

DESMATAMENTO E QUEIMADAS

Exemplos e ações do sociólogo, escritor e ambientalista Eugênio Giovenardi que lembra: “Um dia, a ‘espécie sapiens’ imitará o colibri beijando flores e olhará para o alto como as girafas”.

 

Eugênio Giovenardi fala sobre desmatamentos e a onda de queimadas hoje no Brasil. O escritor, filósofo e professor Giovenardi, 90 anos, natural de Casca (RS), é autor de vários livros, alguns traduzidos em outras línguas. Entre eles está ‘Os filhos do Cardeal – o Homem Proibido”,1997; “Versos irregulares”, 1998; “Em nome do sangue”, 2002; “Ventos da alma”, 2003; “Os pobres do campo”, 2003; “Solitários no paraíso”, 2004; “O retorno das águas”, 2005; “A saga de um sítio”, 2007; “As pedras de Roma”, 2009; “Heliodora”, 2010; “Silêncio”, 2011; e “As Árvores Falam”, 2012.

 

DEPOIMENTO SOBRE O

DESMATAMENTO E QUEIMADAS

O depoimento de Eugênio Giovenardi sobre os incêndios e queimadas é muito importante. Para o ambientalista, “há décadas ouço falar em projetos de PREVENÇÃO para deter a fúria do desmatamento e a insânia das queimadas. Chegaram a propor queimadas programadas para impedir grandes incêndios florestais. O desmatamento continua e as queimadas se ampliam. Temos leis exemplares para a questão ambiental, mas não temos política ecoambiental. Por quê? Porque a natureza, também dita meio ambiente, está dividida politicamente em vários ministérios independentes: Ministério da Agricultura, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério do Meio Ambiente, Ministério de Minas e Energia, Ministério dos Povos Indígenas. Basta um só! Ministério da Natureza.

Seria um Ministério que orientaria e ordenaria o uso dos elementos básicos do sistema físico – água, solo, ar, luz (Sol e temperatura) – do qual depende a população rural e urbana, para prover-se de alimentos saudáveis, habitação confortável, proteção da biodiversidade e da interação e interdependência de todos os seres vivos humanos e não humanos. A natureza entraria em nossa casa. Um dia, a ‘espécie sapiens’ imitará o colibri beijando flores e olhará para o alto como as girafas”.

 

Eugênio Giovenardi em seu sítio, próximo a Brasília, onde usou técnicas ecoambientais para produzir água em solo arenoso do Cerrado. “Precisamos de muitos projetos para deter a fúria do desmatamento e a insânia das queimadas”.