Brasília

Voluntários pintam ala psiquiátrica do Hospital de Base

6 de setembro de 2024

Artista de Brasília cria arte em conjunto com pacientes, acompanhantes e colaboradores da área

Por Agência Brasília* | Edição: Carolina Caraballo

Com o objetivo de melhorar o visual do pátio da ala psiquiátrica do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) e promover o bem-estar dos pacientes internados, os colaboradores do Serviço Auxiliar de Voluntários (SAV) se organizaram para pintar o espaço de convivência.

O pátio da ala psiquiátrica do Hospital de Base foi decorado com a pintura artística de uma floresta tropical minimalista | Fotos: Marcus Vieira/ IgesDF

A pintura anterior fazia parte da terapia ocupacional dos internos. “Eles eram convidados a desenhar e deixar mensagens nas paredes”, explica Vandelicia Rodrigues, auxiliar do SAV. Com o tempo, o revestimento ficou desgastado e sujo, tornando o ambiente desagradável.

A solução foi realizar uma pintura lúdica que não apenas melhorasse a estrutura, mas também criasse um ambiente acolhedor e alegre para os pacientes. “Procuramos artistas dispostos a fazer o trabalho voluntariamente, pois o SAV possui um orçamento pequeno, proveniente exclusivamente das vendas do nosso bazar permanente, campanhas de arrecadação nas redes sociais e doações anônimas”, diz Vandelicia.

“Não é uma paisagem com perspectiva ampla, mas uma representação minimalista que traz cores vivas e alegria sem sobrecarregar com muita informação ou composições”

Maria Luíza Martins, artista plástica

Foi então que surgiu o nome da jovem artista Maria Luíza Martins, que já havia feito uma pintura artística semelhante no corredor do 11º andar do prédio de internação do Hospital de Base. “A pintura é um hobby, uma paixão para mim. Desde pequena, meus brinquedos favoritos sempre foram tinta guache, pincel e tela branca para pintar”, conta Maria Luíza.

O SAV preparou a base da pintura para que a artista pudesse trabalhar. “Também colocamos um novo rodapé na área para evitar infiltrações, pintamos as artes de ferragem e instalamos um revestimento na parede perto da pia e do bebedouro, que ficam na área de uso dos pacientes”, explica Vandelicia.

Com a base pronta, Maria Luíza escolheu pintar uma floresta tropical minimalista na parede. “Não é uma paisagem com perspectiva ampla, mas uma representação minimalista que traz cores vivas e alegria sem sobrecarregar com muita informação ou composições”, explica.

“Os pássaros foram feitos de forma mais geométrica e gosto muito de trabalhar com linhas ao redor das formas. Quando estou pintando, consigo transmitir muito de mim mesma, minhas emoções e sentimentos. A arte feita com amor é muito mais impactante e aconchegante”, ressalta a artista.

Cada mão, uma história

Além da parede principal da ala, foi necessário pintar também uma parede na entrada da área. Essa arte precisava ser impactante e transmitir uma sensação de integração entre todos os envolvidos na psiquiatria, sejam colaboradores, acompanhantes ou pacientes.

“Eu queria uma arte que simbolizasse a integração de todos. Muitos internos se sentem isolados, seja fisicamente, por preconceito da sociedade ou até mesmo por parte de familiares. Pensamos na necessidade dessa integração, e o terapeuta ocupacional do HBDF, Ronay de Lucena, trouxe a ideia perfeita”, conta Vandelicia.

A proposta de Ronay foi criar um tronco de árvore cujas folhas seriam impressões das mãos dos próprios pacientes e colaboradores da ala psiquiátrica, acompanhadas da frase “Cada mão, uma história…”. Segundo Ronay, “fazer uma atividade que modifica a estética do local de forma integrativa facilita o processo de reabilitação e promove o engajamento dos pacientes durante o tratamento”.

A parede na entrada da ala psiquiátrica do HBDF ganhou a pintura de um tronco de árvore cujas folhas são as impressões das mãos de pacientes e colaboradores

“A arte, em um ambiente como o da psiquiatria, ajuda a dar maior visibilidade aos pacientes, colaboradores e visitantes em um lugar onde vidas e histórias são tão importantes quanto em outros setores do hospital”, conclui Ronay.

*Com informações do IgesDF