Cemafauna e ICMBio avançam na conservação de espécies com monitoramento de abelhas
9 de outubro de 2024Projeto da Univasf monitora abelhas na Caatinga, manejando espécies e promovendo conscientização ambiental nas comunidades
Desde 2021, o Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, tem conduzido um trabalho pioneiro em parceria com o Instituto Chico Mendes, envolvendo o monitoramento de abelhas em áreas de conservação. O projeto conta com a colaboração do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE) e do Centro de Biodiversidade do Cerrado (CBC), ambos do ICMBio.
De acordo com a pesquisadora do Cemafauna, Aline Andrade, o foco do projeto é o monitoramento das abelhas em dois ecossistemas cruciais: as Unidades de Conservação da Ararinha Azul e o Parque Nacional do Boqueirão da Onça, ambos na Caatinga. “A pesquisa busca identificar as espécies de abelhas presentes, destacando as endêmicas e aquelas em risco de extinção. Além disso, o estudo também avalia como essas espécies variam ao longo das estações seca e chuvosa, fornecendo dados essenciais sobre a conservação dos polinizadores”, destacou Aline.
No caso das áreas de preservação da Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), o projeto vai além do monitoramento. Também é realizado o manejo de abelhas africanizadas, que competem por cavidades em árvores com aves da família dos psitacídeos, como papagaios, maracanãs e a própria Ararinha-azul. O manejo evita que essas abelhas ocupem os locais que poderiam ser usados pelas aves para nidificação (construir ninhos), garantindo a preservação das espécies ameaçadas.
Outro aspecto fundamental dessa iniciativa é a sensibilização das comunidades locais, conforme reforça a coordenadora do Cemafauna, Patrícia Nicola. “Em agosto deste ano, o Cemafauna iniciou oficinas com os moradores das unidades de conservação da Ararinha-azul, abordando temas como a alfabetização ecológica. As oficinas discutem as mudanças climáticas no chamado ‘novo árido’, os impactos na biodiversidade e na segurança alimentar, além da relevância das abelhas para a produção de alimentos e a manutenção dos ecossistemas”, ressaltou Patrícia.
As oficinas destacam a meliponicultura, que envolve a criação de abelhas nativas sem ferrão, e ensinam as comunidades sobre os benefícios de produtos como mel, própolis e pólen para a biodiversidade e o desenvolvimento sustentável. Em outubro, haverá a distribuição de caixas para a criação de abelhas, com capacitações para o manejo. Além disso, as atividades lúdicas com crianças incentivam o contato com as colônias de abelhas, promovendo o engajamento das novas gerações na conservação. Essa iniciativa é um marco na união de ciência, sustentabilidade e conservação no sertão.