Assembleia Geral

Na ONU, Lula defende transição para economia menos dependente de combustíveis fósseis

1 de outubro de 2024

Presidente afirmou que Brasil apresentará sua nova meta climática ainda em 2024

Assessoria de Comunicação do MMA

Presidente Lula na abertura do debate geral da Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Presidente Lula na abertura do debate geral da Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira (24/9) que os países acelerem seus esforços para a menor dependência de combustíveis fósseis. O discurso do presidente, que reiterou o compromisso brasileiro com o combate à mudança do clima, abriu o debate geral da 79ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, nos Estados Unidos.

“É hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis”, disse Lula.

O presidente cobrou que os países-membros das Nações Unidas cumpram suas metas climáticas, as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês), cujas atualizações devem ser enviadas à ONU até fevereiro de 2023. De acordo com o presidente, o Brasil apresentará seu novo compromisso ainda neste ano.

“O Brasil sediará a COP30, em 2025, convicto de que o multilateralismo é o único caminho para superar a urgência climática”, afirmou.

Lula também defendeu maior financiamento climático para que os países pobres realizem sua transição verde. O planeta, afirmou “está cansado de metas de redução de emissão de carbono negligenciadas e do auxílio financeiro aos países pobres que nunca chega”:

“Mais de US$ 90 bilhões foram mobilizados com arsenais nucleares. Esses recursos poderiam ter sido utilizados para combater a fome e enfrentar a mudança do clima”, declarou Lula.

O presidente destacou ainda o impacto da mudança do clima no mundo: previsões indicam que 2024 será o ano mais quente da história moderna. Em abril e maio, o Rio Grande do Sul enfrentou a pior enchente desde 1941. Na Amazônia, a estiagem é a pior desde o início da série histórica, há 45 anos.

“O meu governo não terceiriza responsabilidades nem abdica da sua soberania. Já fizemos muito, mas sabemos que é preciso fazer mais”, afirmou o presidente.

Lula reforçou o compromisso do governo federal com o combate ao crimes ambientais, como o garimpo ilegal e o crime organizado. O presidente mencionou que a área sob alertas de desmatamento na Amazônia caiu 50% em 2023 na comparação a 2022, segundo dados do sistema Deter, do Inpe. O compromisso brasileiro é zerar o desmatamento no país até 2030.

“Não é mais admissível pensar em soluções para as florestas tropicais sem ouvir os povos indígenas, comunidades tradicionais e todos aqueles que vivem nelas. Nossa visão de desenvolvimento sustentável está alicerçada no potencial da bioeconomia”, disse Lula.

Em outro ponto do discurso, o presidente ressaltou a urgência de ações mais fortes para o combate à fome e à desigualdade, destacando a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa brasileira que será lançada oficialmente durante a Cúpula do G20. Outra medida prioritária da presidência brasileira do G20, o presidente criticou o crescimento de superfortunas e defendeu a taxação dos super-ricos:

“Os super-ricos pagam proporcionalmente muito menos impostos do que a classe trabalhadora. Para corrigir essa anomalia, o Brasil tem insistido na cooperação internacional para desenvolver padrões mínimos de tributação global”, afirmou.

Lula também reforçou também a necessidade de reformulação da estrutura da ONU, para que a instituição se torne mais plural e capaz de representar os atuais desafios globais.

“Neste plenário ecoam as aspirações da humanidade. Aqui travamos os grandes debates do mundo. Neste foro buscamos as respostas para os problemas que afligem o planeta. Recai sobre a Assembleia Geral, expressão maior do multilateralismo, a missão de pavimentar o caminho para o futuro”, disse o presidente.