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Nascimento de elefante-marinho é registrado pela primeira vez no Brasil

25 de outubro de 2024

Órgãos ambientais e sociedade civil organizada criam Força Tarefa para atender o inédito nascimento de elefante-marinho em Garopaba (SC) e evitar molestamento aos animais

Comunicação ICMBio

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Nascimento de elefante-marinho – Foto: PBF/AUSTRALIS

Desde segunda-feira (14), órgãos ambientais e instituições de pesquisa vem unindo esforços para impedir o molestamento a uma fêmea de elefante-marinho que deu à luz a seu filhote, na praia do Siriú, em Garopaba/SC, na Área de Proteção Ambiental da Baleira Franca. O nascimento de filhote de elefante-marinho é inédito no Brasil, por isso, a ocorrência é ainda mais especial, exigindo essa ação coordenada de monitoramento e restrição de acesso ao local. 

Equipes do Instituto Chico Mendes da Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca e do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA/ICMBio), do IBAMA, da Polícia Ambiental, da Prefeitura de Garopaba, do Instituto Australis, do LabZoo/Udesc e do Projeto Cetáceos se revezam na proteção à mãe e ao filhote. As instituições fazem parte da rede do Protocolo de Encalhes de Mamíferos Marinhos da APA da Baleia Franca. 

Segundo o chefe da APA da Baleia Franca, Stéphano Diniz, é importante que as pessoas atentem à necessidade de não importunar as espécies selvagens. “É importante manter distância, evitar a aglomeração de pessoas, som alto e a aproximação de cachorros. Reforçamos que circular de moto ou carro na praia é proibido por lei e pode estressar e alterar o comportamento da mãe com seu filhote.” 

Fotos: Instituto Australis /PMP-BSFotos: Instituto Australis /PMP-BSSaúde da mãe e filhote  

A fêmea de elefante-marinho e seu filhote recém-nascido seguem sob monitoramento na praia do Siriú, em Garopaba (SC). Desde o nascimento registrado no dia 11 de outubro, equipes do Instituto Australis e LabZoo/Udesc que executam o trecho 1 e 2 do Projeto de Monitoramento de Praias (PMP-BS) vêm avaliando diariamente o estado de saúde da mãe e do filhote. 

O filhote de elefante-marinho está se alimentando bem, vem ganhando peso e ele e sua mãe apresentam boas condições de saúde. A avaliação clínica da espécie é realizada à distância para evitar que a mãe se estresse e abandone o filhote durante este período sensível de amamentação.

A força tarefa também vem contando com uma escala de revezamento de cerca de 50 voluntários cadastrados e treinados para orientar a população no local neste período de 20 dias, previsão da permanência da espécie no local.

É fundamental que a população entenda e colabore, respeitando as orientações das instituições durante esse momento de amamentação e cuidado da fêmea, crucial para a sobrevivência do filhote. Maltratar animais é crime, conforme a Lei 9.605/98.

Orientações:  

  • Evite se aproximar, são animais selvagens e há risco de reagirem à aproximação indevida.
  • Mantenha distância de no mínimo 50 metros da área de descanso dos animais. 

Sobre a espécie 

Fotos: Instituto Australis /PMP-BS
Fotos: Instituto Australis /PMP-BS

O elefante-marinho é uma espécie de mamífero marinho pertencente à família dos focídeos. Existem duas espécies principais: o elefante-marinho-do-sul (Mirounga leonina), encontrado no Hemisfério Sul, e o elefante-marinho-do-norte (Mirounga angustirostris), que habita o Hemisfério Norte.

No caso dos elefantes-marinhos-do-sul, eles se reproduzem principalmente em áreas mais ao sul, como nas ilhas subantárticas, onde encontram as condições climáticas ideais e menos pressão de predadores. No Brasil, não é comum o nascimento de filhotes porque o país está fora das principais rotas migratórias e longe das áreas tradicionais de reprodução, que oferecem praias isoladas e com temperaturas mais baixas, adequadas para o desenvolvimento dos filhotes.

Segundo a Coordenadora do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA/ICMBio), o nascimento de filhotes de elefantes marinhos não é comum em áreas mais quentes como Santa Catarina, que embora seja considerada uma área fria para o Brasil, não é para a espécie. “Chama atenção esse nascimento em ano de tantas emergências ambientais, podendo ser um indicativo de que as mudanças climáticas, além de afetarem os ambientes, estão modificando áreas de ocorrência das espécies.”