Folha do Meio Ambiente

Vegetação de Cerrado dias após ser atingida pelo fogo em Luís Eduardo Magalhães (BA) | Imagem: Guilherme Soares/Canal Rural BA

A recorrência de queimadas no Cerrado está afetando gravemente a vegetação característica desse bioma, com impactos potenciais na sua paisagem natural, também conhecida como fitofisionomia. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), até 16 de setembro, 32,6% das queimadas no Brasil ocorreram no Cerrado.

Foram detectados quase 61 mil focos de incêndio, tornando o Cerrado o segundo bioma mais atingido por queimadas, atrás apenas da Amazônia, que registrou mais de 93 mil focos.

Embora o Cerrado possua vegetação mais resistente ao fogo em casos esporádicos e espaçados, especialistas alertam para o aumento da frequência e intensidade das queimadas em curtos períodos de tempo. Esse fenômeno pode causar o desaparecimento de espécies animais e alterar significativamente a estrutura vegetal do bioma.

Gabrielle Rosa, coordenadora de educação ambiental no Parque Vida Cerrado, explica que árvores mais velhas, com cascas grossas, conseguem resistir e se regenerar após o fogo, especialmente com a chegada do período chuvoso. Contudo, árvores mais jovens, que ainda não desenvolveram essa proteção, acabam morrendo, e a repetição dos incêndios em áreas específicas acelera a mudança da fitofisionomia do Cerrado.

De acordo com Rosa, áreas densas do Cerrado podem se transformar ao longo do tempo em campos mais abertos, o que compromete a biodiversidade e o equilíbrio ecológico do bioma.

Impactos para a Fauna e o Solo Degradado

Além da flora, os animais que habitam o Cerrado sofrem gravemente com as queimadas. Muitos são feridos ou morrem devido ao fogo, especialmente filhotes de espécies nativas que ainda estão em desenvolvimento. O solo também é severamente degradado, dificultando a recuperação das áreas afetadas e impactando todo o ecossistema do Cerrado.