PÁLIDO PONTO AZUL
1 de novembro de 2024Reflexão: dia o conhecimento do espaço poderá significar nossa sobrevivência como espécie.
Gabriele Chomen Costa é graduanda em Física- Licenciatura, pela Universidade Estadual do Centro-Oeste. Fez iniciação científica na área de Fotoacústica, atualmente faz pesquisa na área de Ensino em Física, com foco em Psicologia da Educação.
RESENHA SOBRE O LIVRO DE CARL SAGAN
Por que gastar fortunas com programas espaciais quando há tantos problemas aguardando solução a poucos metros de nossas casas? Para Carl Sagan, um dia o conhecimento do espaço poderá significar nossa sobrevivência como espécie. Pálido ponto azul revela como as descobertas científicas alteraram nossa percepção de quem somos e do lugar que ocupamos no Universo – e nos incita a refletir sobre o uso que iremos dar a esse conhecimento. “Refinado, empolgante. Uma linguagem sem jargões, impregnada de humor e emoção. A visão otimista de Carl Sagan ilumina todos os capítulos desse livro maravilhosamente ilustrado. “TIME Magazine” Sagan tem a capacidade de capturar a essência de um problema numa frase memorável ou numa citação reveladora. O livro todo é fascinante e de fácil leitura. Talvez a melhor obra de Sagan. “The Washington Post Book World”.
Logo na introdução Sagan faz uma analogia de nós, seres humanos, sermos como planetas (que vem do grego errante). No sentido de sermos errantes, não na forma de vivermos como nômades- constantemente em mudança-, mas sim com o pensamento de que se algo como uma catástrofe acontecer iremos buscar por novas terras, até que a adaptação ocorra novamente. E o livro gira em torno do tema outros mundos, o que nos espera neles, o que eles nos dizem sobre nós mesmos e – dados os problemas urgentes que nossa espécie enfrenta no momento – se faz sentido partir. Deveríamos resolver esses problemas primeiro? Ou serão eles uma razão a mais para partir?
Os primeiros capítulos fazem menção ao fato do nosso planeta ser um mero ponto azul em nosso Sistema Solar, e mais adiante apenas um ponto qualquer, sem distinção alguma maior. Coloca as pessoas como menores ainda, de forma que em uma foto tirada da Lua da Terra poderíamos observar nossos oceanos, mas jamais nós mesmo, mostrando nossa “insignificância”.
Conforme o Universo é descoberto, o ser humano aprende a se proteger mais, vendo ser tão difícil de haver outras Terras à fácil acesso. Aí temos noção de que aqui (por enquanto) vem sendo nosso mundo e que devemos preservá-lo. (JAXA/AKATSUKI/ Planet C Project Team/Jason Major)
TELESCÓPIOS, APENAS MÁQUINAS DO TEMPO
Carl Sagan explica muitos conceitos em seu livro começando quando denomina telescópios como máquinas do tempo, uma vez que o que vemos no céu atualmente pode já não estar lá. Abordando o fato de que se a Terra desaparecesse de alguma forma outros novos mundos muito distantes nada saberão da nossa existência. Focando mais uma vez, em nossa sorrateira importância em escalas de universo.
Em seguida aponta também que não somos o centro do Sistema Solar, e mesmo tudo parecendo privilegiar os seres humanos estamos aqui mais por um acaso do que por posições de importância. Mostra que não temos nada de diferencial e que nos deixe superior, afirmando termos ótimas circunstâncias para os contrários, sermos humildes.
Sagan também explica a luz visível a nós, afirmando que o nós da Terra percebemos é o que nossos cérebros leem no comprimento de onda da luz (poderíamos “ver tons sonoros “, mas não foi assim que evoluímos), que conforme são espalhadas é formada uma dispersão na atmosfera o que nos permite a visão de certas cores conforme acontecimentos.
Sagan também explica o radar e sua grande importância, pois antes dele não se sabia muito de Vênus e agora cada sonda emite um sinal de radar para a superfície e recolhe o que ricocheteia novamente, constituindo lentamente o mapa pormenorizado de toda a superfície. Explica também que os buracos podem conter várias coisas, e que vulcões mais ainda, e que por expelir sua lava comprovam que o interior da Terra é extremamente quente.
O livro esclarece várias curiosidades como por exemplo o nome dos dias levarem exatamente esses nomes porque derivam do nome dos planetas que por sua vez ganharam nomes de deuses, exemplificando temos Saturno que é o deus do templo e o dia de Saturno, que seria sábado.
Sagan comenta orgulhosamente sobre as missões estrelares. Por ser um livro razoavelmente antigo ainda não havia acontecido a missão Cassinim está só ocorrerá em 1997 e o autor se mostra muito interessado. Também almejava que as grandes potências se unem e formem uma estação espacial internacional, como hoje já existe a ISS.
TERRA É NOSSO MUNDO. HÁ QUE PRESERVÁ-LA
Há vários estudos e explicações sobre as Luas e os planetas, mas ao mesmo tempo há uma analogia com o que ainda não sabemos. Sagan ainda quer que Voyager saia do nosso Sistema Solar, e então explica que nela há um disco fonográfico descrevendo civilização humana. Ele também diz que já não há necessidade de um homem ir à lua, mas em sua primeira vez realmente foi um pequeno passo para o homem e um grande passo para humanidade.
Nos próximos capítulos é mencionado que, conforme o Universo é descoberto, o ser humano aprende a se proteger mais, vendo ser tão difícil de haver outras Terras à fácil acesso, temos noção de que aqui (por enquanto) vem sendo nosso mundo e que devemos preservá-lo.
Em seguida aborda-se o fato de haver riquezas em outros planetas e isto impulsionar novas aventuras aos mundos desconhecidos, levando em conta de que deveria ser viável. Aborda também o fato de violência intraestelar, quando há colisão de elementos estelares, assim as missões maiores deverão ser providas de muita tecnologia e de humanos realmente dignos de coragem.
Ao final do livro, Sagan imagina o universo sendo povoado de uma maneira bem dinâmica, de modo que China povoaria Marte, os EUA Júpiter, e por aí o Universo iria sendo povoado. Este novo povoamento, segundo Sagan, denominara-se “terraformação”, de modo que mesmo não sendo o ideal para nós humanos morarmos, iríamos deixar ele do nosso modo. E, assim, ele começa a descrever um novo mundo, intercalando ciência com ficção científica.
Também é abordado o SETI (sigla em inglês para Search for Extraterrestrial Intelligence) e a vida extraterreste, para explicar que não existe uma que esteja no mesmo “nível” que nós da Terra, uma vez que estariam muito em nossa frente ou atrás. Sendo que enviamos muitos sinais de rádio e que se houvesse algo que compartilhasse de um tempo parecido conosco já nos achariam. E vice-versa.
Nos últimos capítulos o livro descreve que é a primeira vez que podemos ter a consciência que a vida Terra pode ser destruída, por nós mesmo. Por isso deveríamos criar a ideia de deixar a Terra cada vez mais hostil para nós.