INCÊNDIOS FLORESTAIS UM DESAFIO GLOBAL
1 de dezembro de 2024Incêndios Florestais e Mudanças Climáticas em abordagens colaborativas para enfrentar este complexo desafio global.
A moda agora é WEBINAR. Pela grande facilidade de comunicação em debater temas – os mais diversos – por plataformas de transmissão online em vídeo e teleconferências, a Universidade Federal do Paraná e a Universidade de British Columbia (Canadá) se juntaram para promover um seminário sobre os Incêndios Florestais e as Mudanças Climáticas. O seminário vai acontecer neste 3 de dezembro, às 19 horas, com abordagens colaborativas para enfrentar este desafio global muito complexo. As pesquisas e estudos climáticos mostram a probabilidade de alguns dos incêndios florestais mais recentes e catastróficos no Oeste dos Estados Unidos, no Canadá, na Austrália e no Brasil terem sido significativamente maior devido às mudanças climáticas. Para falar sobre o seminário e mostrar a oportunidade dessa discussão, conversamos com o professor Alexandre França Tetto, da UFPR.
INSCRIÇÃO: https://forms.gle/T7Jmh1CQVfaYT6eF8
PESQUISAS RECENTES
Para o professor Antônio Carlos Batista, engenheiro florestal, com mestrado e doutorado em Engenharia Florestal pela UFPR, o manejo do fogo frente as mudanças climáticas é o novo desafio dos pesquisadores e cientistas. No seminário Webinar de 3 de dezembro serão apresentadas e discutidas as pesquisas mais recentes como:
– A Eficiência de Retardantes químicos no combate a incêndios
– O novo algoritmo para estimativa da propagação do fogo
– O uso de tecnologia GEE para monitoramento de incêndios florestais – Mapeamento de combustíveis florestais do Cerrado brasileiro.
O engenheiro florestal Antônio Carlos Batista é um dos líderes do Grupo Pesquisa, Ecologia, Controle do Uso do Fogo pelo CNPq.
Os professores Alexandre França Tetto, Antônio Carlos Batista e Ronaldo Viana Soares são autores do livro “Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais.
ALEXANDRE FRANÇA TETTO – ENTREVISTA
Coordenador do Laboratório de Incêndios Florestais e do Laboratório de Unidades de Conservação no Setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná, o professor Alexandre Tetto é graduado em engenharia florestal pela UFPR e especialista em prevenção e combate aos incêndios florestais. Para o professor Tetto, mestre e doutor em conservação da natureza, “o que falta não é legislação sobre o uso do fogo. Faltam peritos e apuração do eventual crime. O fato de áreas protegidas virarem cinza, anualmente, é o aspecto mais grave da descontinuidade de políticas de prevenção a incêndios florestais”.
O professor Alexandre Tetto mostra que os biomas brasileiros e sua biodiversidade são as vítimas diretas dos incêndios que escalaram em número no Brasil, a partir de julho deste ano.
Folha do Meio – Hoje está em moda Webinar. O senhor poderia explicar melhor?
Professor Alexandre Tetto – Sim, é uma facilidade tecnológica para se debater e ampliar o conhecimento. Simplificando, é um vídeo ou Webconferência que pode ser transmitida ao vivo ou gravada, permitindo interação e até cursos on-line com infinitas possibilidades de audiências. Vem do inglês “web-based seminar”, ou seja, um seminário através da WEB.
FMA – E como será o webinar dos incêndios florestais e das mudanças climáticas, que vai acontecer dia 3 de dezembro?
Prof. Tetto – Será um evento aberto, internacional que requer a inscrição de cada participante. O evento irá tratar dos incêndios florestais e das mudanças climáticas, com palestrantes brasileiros e canadenses. Haverá várias abordagens colaborativas de professores e cientistas para enfrentar um desafio global muito complexo.
FMA – De quem é a organização?
Prof. Tetto – A organização é do Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal/Universidade Federal do Paraná, Faculdade de Florestas e da University of British Columbia, do Canadá. Participarão professores dessas instituições e vai estar aberto a todos que queiram se inscrever e participar.
FMA – Quais são os efeitos dos incêndios florestais sobre o ambiente?
Prof. Tetto – Existe um grande espectro de efeitos que podem resultar das várias ações do fogo. Alguns podem ser imediatos e claramente visíveis, enquanto outros podem ser retardados e difíceis de detectar. De qualquer maneira, o fogo sempre provoca alterações físicas, químicas e biológicas no ecossistema florestal. Para propósitos de estudos sobre o tema, os efeitos do fogo sobre o ecossistema podem ser divididos em efeitos sobre a vegetação, solo, fauna, ar atmosférico entre outros.
FMA – O fogo sempre traz efeitos negativos sobre os diferentes ecossistemas?
Prof. Tetto – Isso é muito interessante. Mas não traz. Os estudos mostram que há ambientes denominados “dependentes do fogo”, como o Cerrado, em que a fauna e flora evoluíram com a sua presença, criando estratégias evolutivas. Nesses ambientes, o manejo com o fogo é essencial, tendo sido assinado recentemente pelo Governo Federal a Lei do Manejo Integrado do Fogo. Mas há os ecossistemas “sensíveis ao fogo”, que criaram mecanismos de evitar que o fogo ocorra e se propague, como menor radiação do piso da floresta, maior umidade, menor temperatura do ar. Nesses locais, o fogo deve ser evitado, pois os impactos causados por ele demorarão para sua completa recuperação.
FMA – E com relação às mudanças climáticas, qual é o papel da universidade?
Prof. Tetto – Olha, as instituições de pesquisa têm papel fundamental nesses estudos e na aplicação dessas teorias. Mas cabe à universidade dimensionar os efeitos causados por eventos extremos e propor soluções para a mitigação e adaptação. Cabe, também, destacar as alternativas de alerta à sociedade e desenvolvimento de locais mais resilientes.
FMA – É certo que as mudanças climáticas afetam os incêndios florestais?
Prof. Tetto – Sim. Os incêndios – tanto ocorrência, como propagação – são influenciados por variáveis meteorológicas. Temperaturas mais elevadas, umidade relativa do ar mais baixa, maiores velocidades do vento e períodos de estiagem… Tudo isso predispõe o material combustível aos incêndios.
O TRIÂNGULO DO FOGO
FMA – Então o material combustível existente também é fator primordial aos incêndios?
Prof. Tetto – Com certeza. Os incêndios dependem da existência de material combustível para ocorrerem e se propagarem. Para a combustão, há necessidade de oxigênio, material combustível e fonte de calor (agente causador), o que denominamos de triângulo do fogo. Daí a importância de se trabalhar a silvicultura preventiva, que tem como objetivo “quebrar” a continuidade do material combustível, tanto na horizontal, como na vertical, além da prevenção dos incêndios. Prevenir um incêndio é mais fácil que combater, custa menos, apresenta menor risco aos brigadistas e menor dano ao ambiente.
Os incêndios florestais na Amazônia cresceram nos últimos anos. (foto: MaisFloresta-MS)
FMA – Para este Webinar de dezembro existem duas instituições parceiras: Brasil e Canadá. Qual a similaridade entre os dois países na área florestal?
Prof. Tetto – Ambos os países, apesar de um estar em clima temperado e outro em clima tropical, têm grandes extensões florestais e, consequentemente, incêndios com maiores áreas atingidas. Além disso, destacam-se a importância do setor florestal bem como a sua importância econômica e social.
FMA – Que frutos pode-se esperar desse intercâmbio?
Prof. Tetto – A troca de informações e experiências sobre os incêndios florestais, similaridades, estudos de caso, novos produtos e soluções. Outro aspecto importante é o desenvolvimento de pesquisas conjuntas, com o envolvimento de pesquisadores e estudantes de ambos os países. Parcerias científicas são fundamentais para disseminar o conhecimento e ampliar o leque de estudos e ações tanto na questão dos incêndios florestais como das oscilações climáticas, em geral.
SAIBA MAIS
PARA INSCRIÇÃO:
Brasileiros: https://forms.gle/T7Jmh1CQVfaYT6eF8
Outras nacionalidades: https://forms.gle/9h6GkZP7wtdkzcp19
O evento: https://forestry-2022.sites.olt.ubc.ca/?p=45957&preview=1&_ppp=4baf55a0ba