Natureza

Nova espécie de bromélia é descoberta no REVIS do Arquipélago de Alcatrazes

14 de dezembro de 2024

A descoberta reforça a importância das áreas protegidas e da conservação de ecossistemas das ilhas brasileiras

Comunicação ICMBio

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Tillandsia uiraretama – Foto: Gabriel Marcusso

Pesquisadores brasileiros identificaram uma nova espécie de bromélia endêmica, a Tillandsia uiraretama, no Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes, localizado no litoral norte do estado de São Paulo, no município de São Sebastião. A Ilha de Alcatrazes abriga mais de 1300 espécies, sendo 100 delas ameaçadas de extinção. A área também é conhecida por ser um importante local de alimentação, reprodução e descanso para mais de 10 mil aves marinhas.

O estudo foi conduzido pelos pesquisadores Gabriel Pavan Sabino, Marcio de Melo Leodegario, Gabriel Mendes Marcusso, Nathan Miranda Gazineu David, Ingrid Koch, Danilo Ulbrich Tavares e Fábio Pinheiro, que destacaram a relevância da espécie para a compreensão e preservação de unidades de conservação.

Tillandsia uiraretama é uma planta rupícola, que cresce em superfícies rochosas sob luz solar intensa e se nutre de micropartículas trazidas pelo ar e pela água. Suas flores lilás, com inflorescências de até 7,5 cm, foram analisadas e descritas em detalhe no estudo publicado na revista Phytotaxa.

“Em ilhas, os organismos ficam isolados do continente, o que favorece o processo evolutivo que diferencia as espécies. Costumamos brincar que a Ilha dos Alcatrazes é uma ‘ilha de uma ilha’, pois, mesmo durante os períodos glaciais, quando houve conectividade terrestre com o continente, há cerca de 15 mil anos, o ambiente rochoso de Alcatrazes era tão distinto do entorno que, ainda assim, havia isolamento entre as espécies que ali viviam”, explicou o biólogo Gabriel Pavan Sabino.

“Essas características ambientais únicas de Alcatrazes reforçam ainda mais o isolamento. Certamente, ainda há espécies desconhecidas pela ciência esperando para serem estudadas, com potencial de contribuir para os mais diversos ramos do conhecimento científico.”

Por que a escolha do nome Tillandsia uiraretama? 

O nome “uiraretama” foi escolhido para a espécie por ser a forma latinizada de “wyrá r-etá-ma”, ou “local das aves”. Essa era a denominação dada pelos Tupinambás à ilha, devido às grandes colônias de aves marinhas que habitam o local.

A distribuição restrita à ilha torna a Tillandsia uiraretama vulnerável às mudanças climáticas. Eventos históricos, como incêndios causados por atividades humanas, e a invasão de espécies exóticas ameaçam a integridade do ecossistema local. Além disso, o aumento do nível do mar representa um risco adicional para as populações que crescem próximas à linha d’água.

Com um status preliminar de “vulnerável” na Lista Vermelha da IUCN, espera-se que a divulgação da descoberta mobilize esforços para proteger a Ilha dos Alcatrazes e suas espécies únicas.

Acesse a publicação do artigo científico na revista Phytotaxa. 

Foto: Gabriel Sabino
Foto: Gabriel Sabino
Foto: Gabriel Sabino
Foto: Gabriel Sabino