indígenas

Publicação da portaria de restrição de uso de Mamoriá Grande reforça proteção aos povos indígenas isolados

26 de dezembro de 2024

Indigenista no interior de acampamento do povo indígena isolado – Foto de Priscila Ambrósio/2024

Funai

Foi publicada no dia 11 de dezembro, a portaria de restrição de uso referente à área de Mamoriá Grande, localizada entre os municípios de Tapauá e Lábrea, no Amazonas. A medida é um importante passo para proteger os povos indígenas isolados da região, cuja presença foi oficialmente confirmada pela Funai em 2021.

A área de Mamoriá Grande, além de abrigar esses grupos vulneráveis, apresenta cerca de 20% de sobreposição com a Reserva Extrativista (Resex) Médio Purus. A proposta de interdição é resultado dos trabalhos criteriosos e minuciosos de localização e monitoramento de povos indígenas isolados, por meio da Frente de Proteção Etnoambiental Madeira Purus (FPW MadPur). Tal proposta contou também com um intenso diálogo com os moradores da Resex e baseou-se no plano de manejo da reserva, garantindo o menor impacto possível para a população local enquanto garante a proteção dos povos isolados. Até o momento, a Funai já implementou duas Bases de Proteção Etnoambiental na região para monitorar e proteger o território.

Principais ameaças enfrentadas pela área

A área de Mamoriá Grande enfrenta uma série de desafios que tornam urgente a sua interdição legal. Entre as principais ameaças estão a especulação fundiária; os conflitos locais, sob a forma de ameaças provenientes de moradores da Resex Médio Purus contra indígenas e servidores da Funai; e a ausência de respaldo legal para fiscalização, tendo em vista que antes da publicação da portaria, a Funai não possuía previsão legal para realizar fiscalizações adequadas no território.

A interdição de Mamoriá Grande, em cumprimento à missão da Funai de proteger e promover os direitos dos povos indígenas do Brasil, respaldada por dispositivos legais como o artigo 231 da Constituição Federal e o Decreto nº 1.775/96, impede a exploração de recursos naturais e restringe o acesso de terceiros à área. A medida visa salvaguardar a vida dos indígenas isolados, extremamente vulneráveis a pressões externas e impactos ambientais.

O que é uma portaria de restrição de uso?

As portarias de restrição de uso são instrumentos legais utilizados para proteger povos indígenas isolados. Esses grupos, por escolha ou necessidade, mantêm-se distantes de contato com a sociedade envolvente. A proteção garantida pela portaria envolve a interdição de áreas específicas, com o objetivo de evitar invasões, exploração de recursos naturais e outros fatores que comprometam a integridade do território e a saúde dessas populações.

Os povos isolados enfrentam vulnerabilidades epidemiológicas, territoriais e demográficas, como a falta de imunidade a doenças comuns e a pressão constante sobre seus territórios. A interdição das áreas é uma estratégia fundamental para a sobrevivência desses povos, bem como para garantir sua autonomia e suas formas de vida.

As áreas de restrição de uso refletem o esforço contínuo da Funai em garantir que os povos indígenas isolados tenham seus direitos territoriais assegurados, mantendo o controle sobre suas escolhas de vida e preservando suas tradições.