Tartarugas-verdes

Tartarugas-verdes da Ilha da Trindade serão alvo de estudos ecológicos aprofundados pelo Centro Tamar – ICMBio

19 de dezembro de 2024

Duas praias da ilha concentram a maior quantidade de desovas da espécie Chelonia mydas no Brasil

ICMBio

 

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– Foto: Acervo/ICMBio

AIlha da Trindade abriga a maior população tartarugas-verdes (Chelonia mydas) entre as ilhas atlânticas brasileiras. Para se ter uma ideia, na última temporada reprodutiva da espécie (2023/2024), foram registrados 1.372 ninhos – número que supera em mais de quatro vezes o registrado na mesma temporada em Fernando de Noronha (310 ninhos). 

Quase todo o Arquipélago de Trindade e Martim Vaz, bem como 200 milhas náuticas do oceano em seu entorno, são protegidos por Unidades de Conservação (UCs) federais: um Monumento Natural e uma Área de Proteção Ambiental. O fato de a ilha ser protegida colabora com a presença e conservação da espécie, mas os cientistas querem saber mais sobre esta população. 

Com o objetivo de conservação, o Centro Tamar ICMBio irá atuar na capacitação de equipes para iniciar estudos ecológicos aprofundados sobre as tartarugas marinhas na região, compreendendo as lacunas de conhecimento existentes.

Além da importância da manutenção do monitoramento reprodutivo, a espécie deve ser estudada para fins de definição de estratégias de proteção. Estudos genéticos, rotas migratórias das fêmeas, isótopos (que investiga fontes alimentares) e o tamanho da população são exemplos de importantes pesquisas a serem realizadas em complemento ao monitoramento.

 

Foto: Acervo ICMBioFoto: Acervo ICMBioMonitoramento  

A primeira desova de tartaruga-verde desta temporada 2024/2025 na Ilha da Trindade ocorreu no início de dezembro e foi registrada pelo oceanógrafo do Centro Tamar – ICMBio, João Luiz Camargo.

João ressalta a importância da parceria entre a Marinha do Brasil, o Centro Tamar, o ICMBio e projetos de pesquisa para a efetividade das ações de conservação: “Gostaria de agradecer à Marinha pela logística, ao NGI Grandes Unidades Oceânicas pela parceria com o Centro Tamar, considerando a atuação deste centro no Mar do Leste, e ao pesquisador Renan Louzada pelo apoio em campo durante a expedição”.

No monitoramento da espécie, equipes de campo da Fundação Projeto Tamar realizam a amostragem dos registros reprodutivos para estimar os ninhos da temporada, enquanto o Centro Tamar/ICMBio supervisiona e acompanha o monitoramento e as licenças de pesquisa. Os dados reprodutivos coletados são armazenados em uma base de dados nacional.

O primeiro registro de tartarugas-verdes na Ilha da Trindade ocorreu em 1982, durante o levantamento das áreas de desova nas ilhas e no litoral brasileiro. As desovas ocorrem principalmente na Praia das Tartarugas e na Praia dos Andradas.

 

Foto: Acervo ICMBio

Foto: Acervo ICMBioImportância da conservação  

Os oceanógrafos João Luiz Camargo e Claudio Bellini, do Centro Tamar – ICMBio, explicam por que a maior quantidade de desovas de tartarugas-verdes ocorre em Trindade: “O isolamento e a ocupação humana restrita, posteriormente com a implantação do POIT (Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade), mantido por uma guarnição militar da Marinha do Brasil, favoreceram a proteção da espécie e das principais praias de desova”, explicam os pesquisadores. Eles também destacam as dificuldades de acesso humano, devido ao fato de a ilha ficar fora das rotas de navegação e a mais de 1.000 quilômetros da costa brasileira.

Segundo os especialistas, duas medidas para garantir que a Ilha continue sendo um local seguro para as tartarugas-verdes seriam: a continuidade das ações de monitoramento e a inclusão das praias das Tartarugas e dos Andradas no Programa Monitora – Alvo Tartarugas Marinhas.

Programa Monitora (Programa Nacional de Monitoramento da Biodiversidade) foi instituído pela Instrução Normativa ICMBio nº 3/2017 e reformulado pela Instrução Normativa ICMBio nº 2/2022. Atualmente, o Monitora conta com uma estrutura que engloba três subprogramas: Terrestre, Aquático Continental e Marinho e Costeiro. Mais de 110 Unidades de Conservação Federais de diferentes biomas brasileiros participam do Programa.