Cabras são erradicadas do arquipélago de Abrolhos para a recuperação ambiental da ilha
25 de março de 2025Animais foram destinados à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e à Embrapa para estudos científicos

Parque Nacional Marinho de Abrolhos – Foto: Jessyca Teixeira/ICMBio Abrolhos
Um esforço conjunto entre Instituto Chico Mendes, Marinha do Brasil, Embrapa, UESB e ADAB concluiu a retirada das cabras da Ilha Santa Bárbara, no arquipélago de Abrolhos, no sul da Bahia, onde se localiza o Parque Nacional Marinho de Abrolhos. A erradicação dos animais exóticos representa um marco significativo para a conservação dos ambientes insulares no Brasil, sendo crucial para a restauração ambiental da ilha, com a regeneração natural da vegetação nativa, além de contribuir para a proteção das aves marinhas.
A operação seguiu o Plano de Manejo elaborado pelo ICMBio em 2023. “Ao longo de três expedições realizadas entre janeiro e março de 2025, os últimos 27 caprinos foram retirados da ilha. Eram cerca de 80 à época da elaboração do plano”, explica a Doutora Jessyca Teixeira, bióloga e bolsista de espécies exóticas invasoras do ICMBio em Abrolhos.
Os animais foram encaminhados à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, no campus de Itapetinga, onde, juntamente com a Embrapa, serão realizadas pesquisas científicas. A remoção das cabras foi necessária devido ao impacto ambiental causado pelos animais no solo e na vegetação da ilha. Além disso, as ilhas de Abrolhos são um importante santuário de reprodução para aves marinhas, incluindo espécies ameaçadas, como a grazina-do-bico-vermelho (Phaethon aethereus).
“Que a biodiversidade floresça ainda mais nos Abrolhos e que a pesquisa científica desenvolvida por instituições públicas do mais elevado nível encontre novas respostas para o desenvolvimento da caprinocultura brasileira”, comemora o gestor do Parque Nacional Erismar Rocha.
Segundo publicação no site da UESB, “Acredita-se que os primeiros animais tenham sido deixados no local (Abrolhos) por navegadores, durante o período colonial, há mais de 200 anos, como forma de garantir a subsistência durante suas expedições. As cabras são consideradas um tesouro genético pelos pesquisadores, pois conseguiram se adaptar a um ambiente com escassez de água, já que a Ilha não possui fontes de água doce. Essa característica pode ser essencial para pesquisas voltadas ao manejo e à reprodução de caprinos em regiões semiáridas”.
O professor Dr. Ronaldo Vasconcelos, do curso de Zootecnia, que estuda conservação de recursos genéticos, explica que essa adaptação pode estar relacionada a características específicas do DNA da espécie. ‘Imagine um material genético que se desenvolveu em uma ilha sem água. Esses animais têm e devem ter, na sua genética, um componente que lhes permitiu essa sobrevivência. Esperamos que isso seja confirmado pela ciência.’, diz a matéria publicada pela UESB.