5ª CNMA

Adaptação climática e vulnerabilidades sociais são debatidas na 5ª CNMA

9 de maio de 2025

Conferência teve painel dedicado à discussão do eixo temático de Adaptação e Preparação para Desastres

MMA

Adaptação climática e vulnerabilidades sociais são debatidas na 5ª CNMA.jpg

Painel sobre o eixo temático de Adaptação e Preparação para Desastres na 5ª CNMA – Foto: Alex Gomes – Foto: Acervo MMA

A adaptação do Brasil às mudanças climáticas precisa considerar as vulnerabilidades sociais existentes no país. O alerta foi feito nesta quarta-feira (07/05) pela diretora de Políticas para Adaptação e Resiliência à Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Inamara Mélo, durante participação no painel da 5ª Conferência Nacional de Meio Ambiente (5ª CNMA) que abordou o eixo de Adaptação e Preparação para Desastres. De acordo com ela, reconhecer as diferentes realidades dos estados e municípios é fundamental para a construção do Plano Clima e uma das prioridades do governo federal.

“A agenda de adaptação dialoga muito fortemente com redução de vulnerabilidade. Em qualquer lugar que estejamos, nós precisamos olhar primeiro para quem é mais impactado pela mudança climática”, ressaltou Melo. “Então, a agenda de adaptação tem um forte viés social, incluindo a agenda econômica. Aquilo que afeta a agricultura, a indústria, a energia, o saneamento básico, tem também, por consequência, rebate na agenda social e de redução de vulnerabilidade”, acrescentou.

A diretora destacou que os efeitos da mudança do clima são sentidos em diferentes escalas no território nacional. De acordo com ela, nos últimos dez anos, 83% dos municípios brasileiros foram afetados pelas mudanças climáticas, o que gera perdas bilionárias. “Nós estamos falando de grandes impactos, de grandes problemas que têm se ampliado de maneira exponencial. Em 2003, foram reportadas à plataforma do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres [do governo federal] perdas na ordem de R$ 5 bilhões. Em 2023, esses dados já alcançavam R$ 54 bilhões”, alertou.

“É algo realmente expressivo e que tem um grande impacto para a economia, um grande impacto em relação a danos prejudiciais, vírus de toda ordem. A gente fala do aumento de doenças, do aumento do número de mortes, de desemprego, de aumento de fome, tudo em decorrência desse contexto de emergência climática que atravessamos”, reforçou a diretora.

Nesse sentido, foi desenvolvido o programa AdaptaCidades, que visa fazer com que a Estratégia Nacional de Adaptação sirva de orientação para as estratégias estaduais e municipais. A agenda é promovida no âmbito do programa Cidades Verdes Resilientes, desenvolvido pelo MMA, em parceria com o Ministério das Cidades e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Para alcançar o maior número de participantes, o governo federal está ofertando um suporte técnico para capacitação de estados e municípios. Será oferecido apoio para, pelo menos, 10 municípios em cada estado, com capacitação à distância, orientações metodológicas e acesso a investimentos.

“Não é possível tratar de política pública que não seja enfrentando ou olhando um contexto de emergência climática. Isso envolve, obviamente, a necessidade urgente e crescente de enfrentarmos os eventos extremos, enfrentarmos aquilo que é um problema que tem sido contínuo, particularmente nas cidades brasileiras, mas também nas zonas rurais do nosso país”, concluiu Mélo.

Participação social

Elaborar um planejamento climático nacional não é possível sem a participação da sociedade civil. O secretário de Meio Ambiente de João Pessoa (PB), Welison Silveira, salientou que, para desenvolver iniciativas efetivas de enfrentamento às mudanças climáticas, não basta elaborar documentos, é necessário executar e monitorar as ações previstas, sempre incluindo a sociedade. “Falar de mudanças climáticas é falar de onde as pessoas vivem, é falar de onde as pessoas moram, é falar de onde as pessoas enfrentam as suas dificuldades”, pontuou.

A integrante da Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e vice-presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, Alexânia Rossato, disse ainda que é imprescindível, além da participação social, um olhar para a população mais pobre.

“Quem mais sofre é a população vulnerável, que não tem dinheiro para pagar a conta de luz, que é absurda se for ligar o ar-condicionado ou ventilador”, afirmou. Ela lembrou a enchente que o Rio Grande do Sul enfrentou no ano passado e chamou a atenção para os números que mostram um perfil da população atingida.

“Dados do próprio governo estadual apontam que 65% das famílias atingidas tinham renda de até um salário mínimo, e 21% entre um e dois salários mínimos. Ou seja, a maioria da população atingida era pobre ou muito pobre. Por isso, precisamos de um estado forte, com instituições públicas e empresas estatais fortes”, concluiu.

Assessoria Especial de Comunicação Social do MMA