Parque Nacional

ICMBio assina acordo judicial sobre o Parque Nacional do Jaú, compatibilizando direitos da Comunidade Quilombola do Tambor

12 de junho de 2025

Acordo judicial encerra Ação Civil Pública em trâmite na Justiça Federal do Amazonas

Comunicação ICMBio

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Parque Nacional do Jaú – Foto: Josângela Jesus

OInstituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) assinou nesta terça-feira (10), ao lado do Ministério Público Federal (MPF) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), um acordo judicial que encerra a Ação Civil Pública nº 0008363-23.2014.4.01.3200, em trâmite na Justiça Federal do Amazonas, relacionada à presença da Comunidade Quilombola do Tambor no interior do Parque Nacional do Jaú.

O litígio tem origem em um processo histórico que remonta à criação do parque, na década de 1980, tempo em que não se realizavam consultas públicas ou levantamentos de campo prévios. À época, comunidades tradicionais que viviam na área, entre elas a Comunidade do Tambor, não foram consideradas no desenho da unidade e, em alguns casos, foram removidas de seus territórios tradicionais.

O reconhecimento formal da condição de remanescente de quilombo veio anos depois, com a certidão da Fundação Cultural Palmares (2006), seguida do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) do Incra (2009) e, mais recentemente, da Portaria nº 2333/2022 do Incra, que reconheceu e declarou o território quilombola integralmente sobreposto pelo parque. 

Pela ausência de solução administrativa no âmbito da Câmara de Conciliação da AGU, o MPF ingressou com ação judicial contra o ICMBio e o Incra, buscando assegurar os direitos territoriais da comunidade.

A construção do acordo, sob orientação técnica da Advocacia-Geral da União, representa a solução viável encontrada para preservar tanto a integridade do Parque Nacional do Jaú quanto os direitos da comunidade tradicional, em consonância com a realidade consolidada e com o ordenamento jurídico vigente. A assinatura ocorreu em audiência pública e o acordo será submetido à homologação judicial.

Cerimônia de assinatura do acordo em Manaus. Foto: Rodrigo Fonseca
Cerimônia de assinatura do acordo em Manaus. Foto: Rodrigo Fonseca

Importante destacar que a gestão do Parque Nacional do Jaú sempre considerou a presença das comunidades locais, incluindo a do Tambor, entendimento que se consolidou no Plano de Manejo da unidade aprovado em 2023. Em 2020, um termo de compromisso entre o ICMBio e os quilombolas foi firmado, reconhecendo o direito de permanência das famílias, com objetivo de ordenar o uso dos recursos naturais, assegurar a sobrevivência digna dos quilombolas e compatibilizar as atividades tradicionais com os objetivos de criação do Parque Nacional do Jaú. 

O acordo ora assinado dá continuidade a esse processo e estabelece os marcos para a futura celebração de um Contrato de Concessão de Direito Real de Uso (CCDRU), respeitando os trâmites legais.

O ICMBio reforça que os objetivos de criação e de manejo do parque continuam inalterados, em acordo com sua categoria, e que a proteção territorial se amplia com a governança compartilhada e com a resolução estruturada de conflitos históricos que, com compromisso das partes, tornam-se acordos de conservação.

 

Foto: Acervo
Foto: Acervo