Resex

Associação comunitária da Resex Renascer, em Prainha (PA), realiza o 3º Encontro de Mulheres

25 de agosto de 2025

Com foco nas mudanças climáticas, mulheres de diferentes populações tradicionais da região se reuniram para trocar conhecimentos, se capacitar, fortalecer vínculos e discutir os desafios que afetam seus modos de vida

Comunicação ICMBio

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Mulheres de diferentes populações tradicionais da região se reuniram para trocar conhecimentos – Foto: Leandro Eiró/GR1

AAssociação Comunitária Guatamuru, formada por moradores da Reserva Extrativista (Resex) Renascer, em Prainha (PA), promoveu nos dias 15 e 16 de agosto o 3º Encontro de Mulheres, com o tema “Emergências Climáticas e Mulheres”. O evento aconteceu na comunidade Santíssima Trindade, na região do Rio Tamuataí, e teve como objetivo garantir um espaço seguro e acolhedor para a manifestação feminina, além de contribuir para a emancipação e o empoderamento das mulheres da reserva. Cerca de 40 participantes puderam debater medidas para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas, que já impactam diretamente os modos de vida tradicionais da região.  

O encontro foi conduzido por servidores do Instituto Chico Mendes, dentre eles a agente temporária ambiental, Elaine Oliveira, e pela professora doutora da Ufopa Campus Tapajós, Judith Vieira, assistida por alunos do Núcleo de Assessoria Jurídica Universitária Popular (Najup Cabano). As participantes puderam expressar suas demandas junto à comunidade e pleitear acessos mais igualitários à tomada de decisão e posições de liderança, sendo acolhidas e orientadas nos devidos processos pelas moderadoras.   

Ocorrido no formato de rodas de conversa, o evento proporcionou manifestação das comunitárias sobre vários assuntos referentes à gestão da unidade, e elas puderam conhecer melhor o Plano de Manejo da Resex Renascer e as ações de combate a incêndios florestais que assolaram a região no fim do ano passado — a gestora Flávia Ranara, atual chefe da Resex Verde Para Sempre (vizinha à Renascer) foi uma das convidadas e conversou sobre o contexto de sua unidade de conservação. 

Também estiveram presentes a cacica Arlete Kumaruara e Tainan Kumaruara, duas lideranças indígenas, moradoras da aldeia Muruari, localizada na Resex Tapajos-Arapiuns. As convidadas indígenas conversaram sobre a sua experiência de criação e manutenção da Brigada Guardiões Kumaruara, além de sua contribuição para a rede de brigadas voluntárias do Baixo Tapajós, ação fundamental para otimizar o combate e prevenção a incêndios florestais nos últimos anos. Ao fim, pelo menos seis das participantes manifestaram intenção no próximo Curso de Formação de Brigada Comunitária de Combate e Prevenção a Incêndios Florestais. 

“Estou na organização do evento e sou brigadista. Estou aqui para fomentar a participação de mulheres neste ofício tão fundamental no combate às mudanças climáticas. As mulheres têm vez, voz e espaço, seja qual for a área de atuação”, destaca Elaine. 

As discussões abordaram, além das questões climáticas, temas urgentes como a violência de gênero e a doméstica. As rodas de conversa proporcionaram troca de experiência e exemplos de conhecimentos que deixaram as participantes mais fortalecidas para seguirem adiante com os desafios que enfrentam.  

Ao fim do segundo dia, foi ministrada uma oficina de artesanato conduzida por duas representantes do coletivo feminino Amélias da Amazônia, moradoras da comunidade São Domingos, na Floresta Nacional do Tapajós, as irmãs Marcilene e Marileide Silva: produção de velas artesanais e biojoias. A oficina de artesanato é tradição nos encontros da unidade de conservação e serve de estratégia para que as comunitárias se capacitem em novos ofícios, proporcionando novas oportunidades de geração de renda. 

“O Najup participou dos três encontros de mulheres, pois é uma forma dos alunos participarem do apoio às comunidades, da universidade atendê-las. O principal trabalho que temos realizado aqui é estimular e promover a organização política e a participação das mulheres extrativistas”, esclarece a doutora Judith Vieira. 

A edição deste ano ampliou o alcance do evento e gerou encaminhamentos para a sua próxima edição, incluindo a possibilidade de intercâmbio cultural com mulheres comunitárias de outras unidades de conservação da região geridas pelo ICMBio.

Foto: Leandro Eiró/GR1
Foto: Leandro Eiró/GR1
Foto: Leandro Eiró/GR1
Foto: Leandro Eiró/GR1
Foto: Leandro Eiró/GR1
Foto: Leandro Eiró/GR1
Foto: Leandro Eiró/GR1
Foto: Leandro Eiró/GR1