Micos-leões-dourados resgatados do tráfico internacional voltam para a natureza
12 de agosto de 2025Animais da espécie ameaçada de extinção, nativos da Mata Atlântica, foram resgatados no Suriname e no Togo

Micos-leões-dourados, espécie que só existe no Brasil, foram apreendidos no Suriname em 2023 e agora retornam à natureza – Foto: Ricardo Peng/ICMBio
Nesta sexta-feira (8), quatro micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia) apreendidos pelo governo brasileiro em situações de tráfico internacional de animais foram reintroduzidos na natureza. A soltura ocorreu em uma área de Mata Atlântica no município de Macaé (RJ), cuja localização exata não será divulgada por motivos de segurança.
Os micos-leões-dourados estão ameaçados de extinção e são endêmicos da Mata Atlântica, especificamente das florestas de baixada do interior do estado do Rio de Janeiro. Um grande esforço de conservação baseado em ciência vem sendo desenvolvido no Brasil há mais de 40 anos, com a participação de diversas organizações nacionais e internacionais. Esse trabalho permitiu o aumento da população silvestre da espécie de cerca de 200 para aproximadamente 4.800 indivíduos atualmente.
Cerca de 150 zoológicos, no Brasil e no exterior, participam do trabalho de conservação da espécie. Eles colaboram na implementação e manutenção de uma população de segurança, que promove a diversidade genética da espécie.
O tráfico de animais foi, no passado, uma das principais ameaças à conservação do mico-leão-dourado. Apesar dessa atividade ter sido significativamente reduzida nas últimas décadas, devido ao intenso esforço de conservação, infelizmente, nos últimos anos, voltou a ser registrada.
Dois casos de tráfico internacional de micos-leões-dourados chamaram atenção nos últimos anos: o primeiro, em agosto de 2023, ocorreu no Suriname onde sete animais foram resgatados por autoridades locais e repatriados pelo governo brasileiro, sendo recebidos em quarentena pelo Zoológico Municipal de Guarulhos. O outro caso foi em fevereiro de 2024, quando 20 micos foram transportados em condições precárias dentro de um veleiro até o Togo, na costa ocidental da África. Três animais morreram e 17 foram resgatados pelo governo brasileiro.
Os animais passaram por longo período de quarentena no Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, onde receberam acompanhamento veterinário. Neste primeiro momento, foram soltos dois casais e agora começa o trabalho de monitoramento, que acompanhará os micos até que eles estejam totalmente readaptados ao ambiente natural.
O trabalho técnico de seleção dos indivíduos a serem reintroduzidos e a definição dos protocolos para o processo foram realizados por especialistas que fazem parte do Plano Ação Nacional (PAN) para a Conservação dos Primatas da Mata Atlântica e das Preguiças-de-coleira, coordenado pelo governo brasileiro através do ICMBio. Saiba mais sobre o PAN.
O retorno dos animais à natureza é resultado de um trabalho coletivo que envolve diversas instituições:
Apreensão dos micos – Polícia Federal e Ibama;
Resgate dos animais do Suriname e do Togo – Ministério das Relações Exteriores, Ministério do Meio Ambiente, Ibama, ICMBio, Polícia Federal e Freeland Brasil;
Cuidados com os animais no Brasil e preparação para soltura – Centro de Primatologia do Rio de Janeiro/INEA, Associação Mico-Leão-Dourado, ICMBio/CPB, Zoológico Municipal de Guarulhos, Zoológico de São Paulo e UENF;
Soltura e monitoramento – Associação Mico-Leão-Dourado e Prefeitura Municipal de Macaé; apoio ao monitoramento – Projeto GEF Áreas Privadas, AMLD, Instituto Internacional para a Sustentabilidade, UNEP e Secretaria de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais do Ministério do Meio Ambiente.