Folha do Meio Ambiente

– Foto: Ibama/MG

Belo Horizonte/MG (01/09/2025) — Em uma ação coordenada para conter a degradação ambiental fora das unidades de conservação, autoridades ambientais realizaram entre os dias 18 e 29 de agosto a Operação Mergus, voltada à proteção de áreas críticas para a sobrevivência do pato-mergulhão, uma das aves mais ameaçadas das Américas.

A operação mobilizou três equipes compostas por 14 agentes, pilotos de drone e sete viaturas, que percorreram cerca de 7.700 quilômetros para realizar mapeamentos geoespaciais e fiscalizações in loco nas bacias dos rios São Francisco e Quebra-anzol — região priorizada para conservação em 2025. Ao todo, foram mapeados 893,75 hectares, com destaque para 64 áreas com indícios de erosão. O objetivo foi identificar e conter práticas ilegais que comprometem o habitat da espécie, como erosões e desmatamentos sem licença.

Fiscalização identifica erosões e responsabiliza infratores em regiões de ocorrência do pato-mergulhão – Foto: Ibama/MG

O levantamento geoespacial prévio à operação identificou cerca de 200 áreas de ocorrência dessas erosões. As ações foram embasadas na Lei de Crimes Ambientais (Lei 9605/1998), no Código Florestal (Lei 12651/2012) e no Decreto 6514/2008, que trata das infrações ambientais. Os responsáveis foram identificados e notificados para apresentar Planos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), sob pena de sanções legais em caso de descumprimento.

A iniciativa reforça o compromisso das autoridades com a preservação da biodiversidade e o combate à degradação fora das áreas protegidas, especialmente em regiões de alta relevância ecológica. Para o Chefe da Unidade Técnica do Ibama em Uberlândia Rodrigo Herles a Operação Mergus é exitosa. Segundo Herles, “a ação vem atuando na recuperação e reabilitação de milhares de hectares de áreas que estavam em processo avançado de erosão com perdas de milhares toneladas de solos que fatalmente assoreavam os cursos d´águas nas áreas de vida do Pato Mergulhão”.

O Superintendente do Ibama em Minas Gerais, Sérgio Augusto Domingues, lembra ainda que “a conservação dos cursos d’água e mananciais que abrigam o pato-mergulhão também representa um investimento direto no bem-estar das populações humanas, ao garantir a qualidade e a disponibilidade de água para abastecimento, agricultura e outros usos essenciais. Proteger o habitat dessa espécie emblemática é, portanto, proteger a vida em todas as suas formas”.

Pato Mergulhão

Espécie em risco: Pato-mergulhão (Mergus octosetaceus)

• Uma das aves mais ameaçadas das Américas e considerada extinta entre 1940 e 1950.
• População estimada: menos de 250 indivíduos.
• Presente no Brasil, Argentina e Paraguai; no Brasil, ocorre nas bacias dos rios São Francisco, Tocantins e Paraná. Em Minas Gerais, está presente no Parque Nacional da Serra da Canastra e arredores.
• Principais ameaças: construção de barragens, poluição da água, erosão e desmatamento.