Luis Eduardo Magalhães

Inteligência Artificial impulsiona produtividade e sustentabilidade na cotonicultura baiana

30 de setembro de 2025

O uso de Inteligência Artificial (IA) tem transformado a cotonicultura na Bahia, trazendo ganhos em produtividade, sustentabilidade e redução de desperdícios. Segundo a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri), a tecnologia permite um manejo mais eficiente, suporte inteligente ao agricultor e integração entre capacitação, planejamento estratégico e inovação.

Tecnologia no campo

Entre as soluções já aplicadas pelos produtores estão o sensoriamento remoto, o uso de drones e satélites e softwares de cruzamento de dados. Essas ferramentas ajudam a monitorar lavouras, identificar problemas e antecipar soluções.

A professora Miriam Nogueira, doutora em fitotecnia e docente da Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob), explica que o sensoriamento remoto coleta informações sobre o solo e a vegetação à distância, utilizando sensores em drones, satélites ou aviões. Isso permite uma análise detalhada das lavouras.

Já as imagens de drones e satélites possibilitam detectar pragas, doenças, falhas e até avaliar a qualidade da fibra do algodão. “As câmeras capturam diferenças na coloração das folhas, identificando se estão sadias ou afetadas por fungos como a ramulária ou a alternária”, exemplifica a pesquisadora.

IA preditiva na tomada de decisão

Após a coleta, os dados são processados por sistemas de IA preditiva, que utilizam algoritmos para identificar padrões e apoiar decisões no campo.

De acordo com Luís Eduardo Kasuya, diretor comercial da Kasuya Inteligência Agronômica, essa tecnologia permite cruzar informações sobre clima, solo, histórico da safra e material genético. “Assim, conseguimos entender cada particularidade da fazenda e reduzir erros humanos”, afirma.

Um exemplo prático é a pulverização seletiva, que utiliza câmeras e algoritmos para aplicar herbicidas apenas onde há plantas daninhas. A técnica evita o uso excessivo de químicos, reduz custos e preserva o meio ambiente — ao contrário da pulverização tradicional, que cobre toda a área.

Novas soluções apresentadas

Na última edição da Bahia Farm Show, foram apresentados recursos como:

  • Sensor WEED-IT: treinado com IA, identifica plantas daninhas em tempo real por meio da fluorescência da clorofila.

  • Robô cortevano: atua como consultor agrícola digital, orientando sobre manejo de pragas, uso de biológicos e boas práticas.

Além disso, a Seagri articula com o Ministério da Agricultura (Mapa) a adesão à plataforma MapaConecta, que integra IA, dados e práticas sustentáveis em um ecossistema digital colaborativo.

Inovação no dia a dia do agricultor

A simplicidade também tem espaço. Muitos cotonicultores estão utilizando grupos em aplicativos de mensagens integrados à IA. Neles, os gestores inserem o organograma da fazenda e detalham processos.

Segundo Kasuya, a inteligência artificial organiza e distribui automaticamente as tarefas para os responsáveis, enviando notificações no celular e cobrando sua conclusão. “Enquanto a atividade não for realizada e comprovada, a IA continua alertando. Os gestores ainda têm acesso a um painel de acompanhamento em tempo real”, explica.

A força da Bahia na produção de algodão

A Bahia é o segundo maior produtor de algodão do Brasil, atrás apenas do Mato Grosso. Nove das dez cidades baianas que mais produzem estão no oeste do estado, região que reúne condições ideais para o cultivo: solos férteis, áreas planas, clima adequado e boa disponibilidade hídrica.

O algodão baiano se destaca pela alta qualidade e comprimento da fibra, características valorizadas na indústria têxtil de luxo e na produção de fios mais finos e resistentes.

Com investimentos em inovação, práticas sustentáveis e aumento da competitividade, o estado busca consolidar sua posição no setor e ampliar sua presença no mercado internacional.