Mata Atlântica

Pasto vai virar floresta: novo projeto do ICMBio testa formas de recuperar a Mata Atlântica na Bahia

10 de setembro de 2025

O experimento busca transformar 50 hectares de pasto em floresta na Reserva Biológica de Una, no sul da Bahia. A Reserva em questão é uma área protegida com cerca de 18.500 hectares e abriga diversas espécies ameaçadas

ICMBio

– Foto: Luiz F S Magnago

Um novo experimento quer transformar 50 hectares de pasto em floresta na Reserva Biológica de Una, no sul da Bahia. O projeto, chamado Restaura Una, é uma parceria entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). O objetivo é entender qual é a melhor maneira — e a mais econômica — de recuperar áreas desmatadas da Mata Atlântica e trazer de volta a vida selvagem que depende dela. 

A Reserva Biológica de Una é uma área protegida com cerca de 18.500 hectares e abriga diversas espécies ameaçadas, como a preguiça-de-coleira, o mutum-do-sudeste, o macaco-prego-do-peito-amarelo e, principalmente, o mico-leão-de-cara-dourada, um animal que só existe nessa região e foi um dos motivos para a criação da reserva. 

O experimento vai acontecer em uma antiga fazenda da região, recentemente comprada pelo governo federal. Nela, 50 pedaços de terra de 1 hectare cada (mais ou menos o tamanho de um campo de futebol) serão usados para testar diferentes formas de reflorestamento. A ideia é usar técnicas que causem o menor impacto possível no solo, apostando na regeneração natural — ou seja, deixar que a natureza se recupere com o mínimo de intervenção humana. 

Entre as ações planejadas estão: 

  • Instalação de poleiros artificiais, que ajudam aves a espalhar sementes na área; 
  • Uso de folhas e restos orgânicos (serrapilheira) trazidos de florestas próximas, que funcionam como um “banco de sementes” natural; 
  • Capina seletiva, para remover plantas exóticas ou invasoras; 
  • Plantio de espécies nativas de crescimento rápido; 
  • E o monitoramento constante da recuperação da vegetação. 

Além de ajudar o meio ambiente, o projeto também vai apoiar a formação de estudantes de pós-graduação e gerar dados importantes para a ciência. 

A iniciativa é financiada pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), com recursos de um acordo socioambiental ligado ao projeto Porto Sul, envolvendo o governo da Bahia, a prefeitura de Ilhéus, a empresa Bahia Mineração e os Ministérios Públicos Estadual e Federal. 

A restauração de florestas como essa faz parte de um esforço global para enfrentar as crises do clima e da perda de biodiversidade. O projeto também contribui com a Década da Restauração de Ecossistemas da ONU (2021–2030), da qual o Brasil é signatário.